Quando
Cláudio foi avisado por Caetano que Laura tinha sido detida pelos
federais, ele já tinha pedido a interferência de alguns amigos
políticos. Avisou Caetano sobre o desaparecimento da outra garota e
pediu para voltar à delegacia.
Laura
estava na sala de interrogatório com os cotovelos na mesa com as
mãos apoiando a cabeça. As palavras daquele psicopata percorria sua espinha e lhe dava calafrios. Ela não tinha prendido a pessoa errada,
viu Frederico ele estava lá. Viu o rosto dele, não podia ser um
engano. Todas as imagens vinham na sua mente como um filme e quando
Edmundo abriu a porta ela o olhou diretamente nos olhos. Ele trazia
um café nas mãos e colocou diante dela.
-
Trouxe para você – falou rindo e sentando muito próximo a ela –
Viu? Não sou tão mal assim.
- O
que você quer ... um Obrigada ? – empurrou o café para longe
dela e não mudou a expressão dos olhos.
- Me
conte o que aconteceu hoje na Praça e no Aeroporto em detalhes. É
um imitador mesmo? Temos outra pessoa desaparecida, você sabia?
Ela
foi levantar e ele a segurou pelo ombro com força desnecessária.
Colocou uma das mãos na mesa e a outra manteve firme a segurando, na
verdade ele apertava seu ombro e ela sentia nojo.
- Se
você não entendeu ainda o que está acontecendo aqui, eu quero
detalhes Laura – batia com o dedo na mesa.
Ela
pegou o café que ainda estava na mesa, tomou um gole e se aproximou
mais dele. Talvez ele esperasse por isso, pois quando ela cuspiu, ele
estava com os olhos fechados. Edmundo
com uma das mãos bateu no café que Laura tinha nas mãos que foi
jogado longe e a pegou pelas roupas e a levou até a parede.
- Posso
fazer você me contar o que quero de outras formas Laura
Ele
a apertava contra a parede e seu corpo. Ela ria.
- Eu
só vou falar com meu chefe, você entendeu?
Ela
o empurrou na direção contrária e ele não se moveu. Edmundo sentia cada parte do corpo dela e gostava da sensação de a intimidar.
Neste
momento Cláudio invade a sala e Edmundo a solta. Laura sai, mas Cláudio dá alguns passos para dentro e
fica de frente para Edmundo:
- Você
tem sorte que deixei Caetano no legista, estamos aguardando você a
intimar para depor, antes disso, fique longe dela.
Laura
encontrou Caetano voltando do legista com a autopsia da Jeniffer nas
mãos. Se olharam por alguns segundos. Ela
balançou a cabeça em sinal de que estava melhor e ele entregou a
pasta que tinha nas mãos e começou a falar.
- Confirmado
corte na lateral do pescoço, braços: quebrados e dobrados, pernas
....
- Eu
sei, teve agressão ... - ela parecia com medo de perguntar
- Sim,
mas não temos nada. Ele usou proteção, então unhas e corpo sem
pistas
Enquanto
eles falavam andavam em direção a sala deles. Caetano já tinha
montado um quadro com as fotos e características de Jeniffer e as
causas da sua morte. Ao lado tinha um perfil dos assassinatos do
Coveiro. Laura estremeceu quando viu a foto da garota desaparecida.
Era muito semelhante a Jeniffer e a ela também. Caetano sentou e
começou a trabalhar
-
Veja estes exames. Não tem nada no sangue que identifica que tomou
ou ingeriu algum medicamento ou droga. Pelo menos no perfil que sua colega Jane...
-
Jane? Você falou com a Jane? – Laura fechou a porta da sala
-
Sim, precisava das provas antigas. Se estivermos lidando...
-
Estivermos? Você vai sair do caso imediatamente - Laura não estava pedindo
- Desculpa,
mas você não é meu chefe. Qual é o seu problema Laura? –
falou ríspido Caetano.
Laura
fechou as cortinas e se sentou. Estava cansada e precisava se abrir
com alguém.
-
Eu não quero que você se machuque. Eu o vi Caetano, não é um
imitador. Tem alguma coisa errada, ele falou coisas ele agiu como
antes. Mas eu sei quem prendemos em Porto Alegre, eu o vi …. Laura
levantou e andou até seu parceiro e continuou
- Deixa
o caso, por favor. Não quero mais morte na polícia, foi bem complicado antes. Se ele voltou ou faz parte de algum plano,
ele vai cumprir as promessas que fez da última vez. Essa garota –
e apontou para a nova foto no mural –... ela - e perdeu as palavras
- Laura
você precisa entender que não vou deixar o caso. Prender este maluco ... sua segurança é minha prioridade. Entenda? Vai
ficar tudo bem... Confia em mim
Ela
não respondeu de imediato e respirou fundo para continuar:
- Ele
matou meu antigo parceiro na minha frente. Ele ... – as imagens
vinham na sua cabeça - Ele é um insano Caetano, ele tem fotos suas - e quando ela vacilou novamente ele falou
- Sinto
muito, nós vamos resolve isto, vamos fazer juntos – Ele a olhou
firme nos olhos, existia mais que um sentimento envolvido e ele continuou – Somos parceiros –
e Caetano invadiu o espaço de Laura como nunca tinha feito antes.
Ficou muito próximo do seu rosto, por alguns segundos ele olhou
seus lábios, viu sua respiração ofegante, tudo que precisava era
dar apenas mais um passo.
E Cláudio entra na sala falando:
- Identificamos
o endereço da outra desaparecida, ela se chama Megan – então
Cláudio para de falar e Laura
se afasta pegando seu casaco, sem falar nada.
Por
alguns segundos Cláudio olha para Caetano
- Tudo
bem? - Cláudio pergunta em dúvida
Caetano
passa as mãos do rosto e responde:
-
Sim – e pega o documento que Cláudio tem nas mãos e sai atrás
de Laura e para sua surpresa estava o esperando na porta.
Caetano
sorriu e bateu no ombro de Cláudio quando passou por ele. O primeiro
passo já tinha sido dado. Eles estavam juntos nisso.
Fora
da delegacia num carro vermelho ele tirava fotos de Laura saindo com
Caetano. O modo como ela sorria para ele, o olhava, era tudo que ele
queria. A maneira como ela andava, uma perna sempre dando um passo
mais largo que a outra, seu cabelo liso amarrado no topo, fazendo as
pontas do rabo de cabelo passar pelas costas, isso o deixa excitado.
Ele tinha prometido para Frederico que não a tocaria, mas ele não
sabia se poderia cumprir a promessa.
Arrancou o carro, Megan o esperava e ele tinha planos para ela.
Laura
folhava a pasta que Caetano a tinha entregado e todas as informações
dos legistas levavam a acreditar que a arma usada era a mesma. Todos
foram violentas e torturadas, depois quebradas e colocadas em uma
caixa, tonel, caixão de vidro. Foram oito vítimas em Porto Alegre
e agora eles tinham duas e uma pessoa desaparecida.
Caetano
podia ver a preocupação crescendo nos olhos de Laura e diminuiu a
velocidade do carro o que a fez olhar para ele:
- Vou
estar com você no dia da acareação. Do seu lado … Não importa
o que digam eu acredito em você
- Obrigada
Caetano, eu sei o que vi, mas eu estou tentando montar na minha
cabeça e as peças não se encaixam
- Provavelmente
eram duas pessoas e vocês prenderam apenas uma - Caetano tentava assim como Laura buscar uma solução possível.
- Mas
porque esperar tanto tempo …. Mais de dois anos … isso é
doentio. E não faz sentido na época Guilherme .. e Jane, nós
investigamos tudo que estava relacionado a Frederico e não tinha
nada.
Quando
ela falou o nome de Guilherme ele sentiu que ela vacilou. Ela desviou
os olhos dos deles e então:
- Você
nunca me falou deles, da sua equipe de Porto Alegre, Guilherme este era
seu parceiro ? - ela ficou inquieta e fechou a pasta
- Não,
ele é advogado – Caetano percebeu quando sua voz vacilou
novamente – Era irmão dele. Depois da morte ficou obcecado com o
caso, trabalhamos juntos, com Jane é claro.
Houve
então um silêncio entre eles, algo diferente, ele tinha perguntas e
ela queria falar, mas eles tinham chegado no prédio de Megan. Ele
não sabia como seu parceiro tinha sido assassinado e ela contaria
quando estivesse pronta.
Subiram
alguns lances e chegaram ao segundo andar. Eles bateram na porta e se
identificaram como da polícia, mas ninguém atendeu. Caetano fez um
sinal para Laura e quando ele chutou a porta ela já estava com a
arma engatilhada. Aparentemente o apartamento estava como a vítima
tinha deixado, pratos sujos, alimentos na geladeira, cama
desarrumada... uma luz que piscava estava deixando Laura maluca. Era
o letreiro de uma casa noturna na frente. Iluminava todo o
apartamento e fez Laura perceber algo do outro lado da rua. Da
janela do banheiro ou de alguma sala privada da boate ele viu um homem com uma
mulher. Ela estava com as mãos amarradas com lenço vermelho e
certamente pelos movimentos eles não conversavam, ela queria desviar
os olhos e escutar o que Caetano falava, mas a medida que as luzes do
letreiro refletia a cena podia ver algo estranho. Tinha alguma coisa
errada e ela foi chegando perto da janela e a intensidade dos
movimentos deles aumentando até que seu coração parou. Quando ele
virou ela pode ver claramente as botas brancas e as luvas amarelas e
com certeza quando o letreiro acendeu ela sabia ele estava a
observando.
- Não
não não …. - ela deu alguns passos para trás e bateu em
Caetano que viram quando uma mancha de sangue sujou o vidro e ela
correu.
Caetano
correu atrás gritando seu nome e a viu invadir a casa noturna. E
então o cenário mudou, muitas, muitas pessoas dançando, a luz
negra piscava e a música era muito alta. Ela tentou correr entre as
pessoas para acessar uma escada que viu do outro lado do salão.
Caetano a alcançou e a segurou firme
- Ele
está aqui, cuidado – Caetano fez sinal que iria pelo outro lado
e ela seguiu em frente.
Ela
achou melhor guardar a arma e caminhava tentando empurrar as pessoas.
Caetano do outro lado estava mais próximo as saídas e perdeu Laura
de vista. O barulho era alto e a música ainda era a mesma que ela
viu a cena. Quando ela chegou na escada que dava acesso a parte de
cima, tinha uma placa de isolamento. Ela pulou e começou a subir.
Por
mais que Caetano gritasse ela nunca ia escutar e não imaginava o que
vinha na sua direção. Quando Caetano pulou e a derrubou para fora
da escada caindo entre as pessoas, por eles passou um enorme tonel.
Quando o tonel caiu no último degrau e quebrou o corpo de Megan se
abriu e ficou no chão.