No caminho para Fletcher eu me escorei na janela e senti meu corpo ficar gelado. Os arrepios pelo corpo foram ficando para trás junto com o som da voz de Dave e Gregório discutindo quantos eles tinham matado da última vez. A última coisa que me lembro foi de ver os olhos de Benjamim sobre mim pelo reflexo do espelho.
Já era dia quanto uma mão suavemente colocou meu cabelo para trás da orelha e sussurrou meu nome. Era Dave e ele insistia em manter as mãos em mim. Tanto eu quanto Benjamim que nos observava parecia também não gostar.
Fletcher era uma cidade pequena como Prateado. Quando sai do carro envolvi meus braços em minha volta para me proteger do frio. Era uma fria e gelada manhã e estávamos em frente a uma cafeteria. Gregório vinha com um jornal nas mãos e abriu ele sobre o capo do carro.
Benjamim vinha de dentro da cafeteria com uma bandeja e depois de alcançar um copo de café para cada um deles me estendeu um também. Era tudo que eu precisava, algo quente e confortante. Um novo arrepio de frio fez meu corpo tremer e senti o gelado do sangue na minha perna. Droga ! - rapidamente desci mais um pouco o agasalho para que eles não vissem a mancha de sangue no jeans.
Mas felizmente a atenção deles estava para uma manchete no jornal da cidade: DESAPARECIMENTO … este última era de uma garota de dezoito anos no bosque próximo a cidade. Quando Gregório abriu o mapa novamente eu vi diversos pontos vermelhos, os mesmos que eu via no mapa de Samuel e Trevor há muito tempo. Imediatamente vieram as imagens do mapa em minha mente.
- O que são estes pontos ?
Minha pergunta chamou a atenção deles e Dave deu um passo na minha direção.
- Você não sabe ?
- Eu não perguntaria se soubesse, não acha ?
Ele revirou os olhos de uma maneira debochada, mas foi Benjamim que respondeu:
- Todos os pontos são lugares onde encontramos ou foi visto algum tipo de demônio ou algo como o que vimos ontem a noite. Eles são as melhores pistas para descobrimos sobre o Livro. Se eles sabem de mais alguma coisa.
Olhei com atenção para o mapa e eram muitos pontos vermelhos e a maioria dos últimos meses.
- Eles tem aparecido com mais frequência … - mas eu não terminei a frase. Eu sabia que as datas batiam a do morte de Samuel e ao parecimento do Livro do meu pai.
Benjamim parecia ter me entendido e olhou para Dave:
- Bem, vamos ao que interessa. Você vai com Clara na biblioteca da cidade e da uma olhada nos obituários veja se tem alguma coisa diferente ou estranha. Vamos ao bosque ver o que encontramos certo ?
Eu não entendia porque ele me mantinha tão próxima de Dave. Talvez ele tenha percebido o modo como eu o olhava e estava dando uma direta. Esta teoria já estava se concretizando enquanto eu caminhava ao lado de Dave pelo rua em direção ao prédio da Biblioteca quando senti um toque quente na minha mão.
Ele a segurou pela pontas dos dedos e eu encontrei rapidamente os olhos claros de Benjamim:
- Use isto – ele tinha tirado o casado dele e estava me estendendo – e quando voltar vamos suturar esse corte certo ? - ele olhou para a mancha de sangue na minha perna.
Benjamim não esperou eu responder entrou no carro e seguiu com Gregório. Ele nem olhou para trás. Hum ! - Ri levantando os olhos e senti o rosto quando percebi que Dave me observava.
As ruas eram estreitas e o prédio da biblioteca era muito velho. Apesar do sol forte o frio era mais intenso e fechei o casaco até em cima e senti o cheiro dele. Mesmo com o pedido de silêncio na entrada da biblioteca Dave me pergunta:
- Então Clara qual sua história ?
Formei uma linha reta com os lábios e o olhei nos olhos. Não eram tão claros quanto os de Benjamim, mas eram de um castanho claro quase transparente. Ele tinha um modo de falar que o deixado terrivelmente charmoso. Benjamim parecia gostar de viver com emoção.
- Nada de especial, quero a verdade sobre meu pai e minha família.
- Bem vida ao clube ! - ele falou e fez um movimento de nobre curvando os joelhos e uma mulher grisalha chamou a atenção dele brutamente. Ele riu daquele jeito encantador e a mulher lhe devolveu um sorrido aberto.
Revirei o olhos ele era impossível. Sentei numa cadeira ao lado do computador para que ele pudesse me mostrar o que estava procurando. Eu era muito boa em computadores. Dave sentou rindo ainda para a bibliotecaria, mas logo desviou seus olhos para mim. Ele aproximou a sua cadeira da minha deixando sua perna escorar na minha. Engoli seco quando senti o calor do corpo dele perto do meu, ele era um homem charmoso e sabia disso.
Eu recuei as pernas e ele antes que eu pudesse reagir novamente segurou minha perna machucada e a apoiou sobre o pé dele aproximando a minha cadeira mais da dele.
- Não queremos que as pessoas vejam sangue na sua perna ?
Eu não disse nada, talvez porque pela primeira vez com Dave fiquei sem resposta. Certo! - pensei comigo e respirei fundo sem que ele percebesse.
- Você e Benjamim são irmãos ?
Ele riu e fez um levantou as duas sombracelhas e o óculos ao mesmo tempo.
- Pará, eu e Ben, não! Sou muito mais bonito que ele. Não somos nem parecidos.
Dave continuou rindo mais eu não e ele continuou:
- Não, Gregório me encontrou no hospital depois da morte da minha família. Ele era amigo do meu pai e me tirou de lá. Ao que tudo indica minha família estava com o Livro quando foram mortos.
- Eu sinto muito...
- Tudo bem... isso foi há muito tempo Clar – vi seus olhos castanhos verdadeiros pela primeira vez e gostei deles.
- E Ben …
- É melhor ele contar isto, ele não gosta de dividir as coisas dele, sabe ? - Dave colocou os óculos e começou a ver os obituários.
Não era dessa vez que eu ia descobrir mais sobre Benjamim. Vi Dave olhando noticias antigas.
- Então como funciona ?
Ele puxou minha cadeira para mais perto dele e ficamos mais próximos que antes.
- Veja – ele olhou para a tela – alguns obituários registram apenas fatos, estes são os interessantes. Eles não deixam ser fotografados.
- Mas como você sabe …
- Psiu ! Olha os fatos.
Então eu pela primeira vez vi a verdade por trás das noticias. Os fatos estavam sempre escondidos entre outras noticias. Eram notas pequenas de falecimentos de pessoas sem muita importância ou pessoas de ruas.
Olhei para Dave como uma criança que acaba de descobrir um segredo. Quando ele ia falar alguma coisa se aproximando do meu rosto seu telefone tocou
- Adoro o timer do Benjamim … um minuto... - ele se levantou e sumiu entre as prateleiras de livros.
Puxei a cadeira para mais perto do computador quando um nome dentre todos os obituários fez meu corpo ficar gelado e o sangue acelerar meu coração. Estava escrito Samuel Jack.
Samuel Jack !
Todo o tempo em volta parecia ter ficado mais lento. Recuei a cadeira com o susto e vi quando a bibliotecária ainda seguia Dave com os olhos. Segui os dela até ele. Dave estava escorado em um dos pilares da entrada com o pé apoiado na parede enquando falava ao telefone. Ele parecia um garoto, porque com a outra mão brincava com um pequeno pedaço de papel.
Ele estava usando uma calça jeans escura e uma camiseta branca. Por cima um agasalho azul marinho aberto. Foi quando os olhos castanhos dele me encontraram. Mesmo me conhecendo a algumas horas ele estreitou os olhos sobre mim e virou o rosto.
Tomei outro susto e voltei a olhar para a tela do computador.
Era coincidencia, coincidencia … eu ficava repetindo dentro da cabeça várias vezes. Respirei fundo e digitei novamente no site de procura o nome do Samuel Jack. Nada, não retornou nada pelo buscador. Senti meu coração bater mais lento e a cor das minhas mãos voltarem do branco ao bege claro.
Escutei de longe os passos rápidos de Dave no chão de madeira da sala e voltei meus olhos para a tela para voltar para a pagina anterior, quando o buscador trouxe um link na tela. Era uma imagem. Eu tinha pouco tempo antes dele ganhar a tela no seu campo de visão e apertei o botão imprimir.
Quando as mãos dele tocaram a cadeira a tela já estava na mesma página de quando ele tinha saido. Escondi minhas mãos dentro do agasalho para que ele não percebesse que eu tremia.
- Encontrou alguma coisa ? - a voz dele estava mais suave que antes como se ele estivesse me estudando.
Quando os olhos dele me encontraram novamente eu desviei, senti meu coração em pânico quando a bibliotecária colocou o papel que tinha impresso sobre o balcão.
- Eu já volto – falei e tentei mandar na direção das mesas perto do balcão quando ele me segurou pelo cotovelo.
- O que esta acontecendo.
- Eu preciso de um minuto, certo ? - e senti meu rosto firme e tirei as mãos dele suavemente do meu braço.
Mas ele abaixou a cabeça e tocou em mim novamente:
- Um minuto … - seus olhos escuros em tom de ameaça – Aqui não é seguro.
Desvei das mesas em direção ao toalete quando o vi sentar novamente em frente ao computador. Sem que ele percebesse eu mudei a direção voltando ao balcão para buscar a imagem que eu precisava ver. Quando passei por um grupo de estudantes rindo o perdi de vista, mas tinha alcançado o balcão.
Quando eu coloquei meus olhos sobre a foto impressa vi Samuel. Era ele mesmo sem sombra de dúvida. Aproximei meus olhos da foto e li em voz baixa:
- Equipe médica do Hospital de Fletcher.
Um barulho de porta batendo chamou minha atenção para Dave, mas ele não estava mais lá. Caminhei com a foto nas mãos entre as mesas e outro barulho chamou minha atenção para a janela no corredor e andei dois passos na direção dela.
Quando meu corpo entrou no corredor um vulto passou por mim e eu não vi mais nada.
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