Tudo que eu menos esperava era ver aquela arma em cima da cama. Como ela tinha ido parar ali. Eu larguei a bolsa que tinha nas mãos no chão e andei lentamente até a beira da cama. Escutei um barulho no corredor e voltei para perto da porta. Fiquei ali alguns minutos, mas não escutei mais nada.
Certifiquei que a porta estava realmente fechada e que a velha agenda do meu pai estava dentro dela, junto com meu netbook e a outra peça de camisa e jeans que Benjamin tinha me dado a dois dias atrás. Quando eu peguei na arma eu tive certeza que era dele mesmo. Eu tinha visto apenas rapidamente, mas eu reconhecia aquele detalhe da figura de São Jorge na bainha da arma. Era a dele, mas como ?
Coloquei a arma por trás da camisa e resolvi descer até a recepção. Tinha alguma coisa errada e eu tinha que saber o que era. Quando cheguei a mulher de bege estava junto a lareira e segurava a mesma foto que eu tinha antes. Ela sabia de alguma coisa.
Quando me viu ela virou rapidamente e pude ver nitidamente a mudança da cor dos velhos de vermelhos para um castanho mais escuro e foi ela que começou:
- Ao que devemos a honra da visita da filha de Scoot ? Por que sim menina eu sei quem é você. - Ela não parecia ser uma ameaça e eu não tinha nada a esconder.
- Estou procurando por ele e este parecia o melhor lugar.
- Mas não deveria, você deveria ir para casa. Seu namorado veio aqui e deixou alguma coisa para no seu quarto. Quem sabe você não pega e vai embora - ela parecia estar mais preocupada do que uma ameaça.
- Namorado? Eu não tenho.... - Benjamim o que ele tinha dito.
Antes que eu terminasse ela foi até a janela e fechou a cortina e voltou com um papel na mão.
- Pegue isto e vá embora, ele queria que você soubesse a verdade. Mas você precisa ir logo.
- O que é isso ? - e quando olhei era um pequeno bilhete com um endereço e com certeza era a letra dele.
- Vá logo eles vão chegar, você precisa ir.
- Quem ?
Mas antes dela dizer alguma coisa, houve uma pequena faísca sobre o poste
que iluminava a entrada do hotel e tudo ficou escuro. Primeiro foi um vidro quebrado, depois outro e eu estava atrás do balcão com a arma nas mãos.
Pensava várias coisas ao mesmo tempo, mas eu só queria saber onde estava a mulher de bege e então eu senti o cheiro forte de enxofre sobre mim. Bem acima do balcão uma daquelas coisas medonhas estava me observando. Sai correndo entre as cadeiras da sala de jantar e alguma coisa me acertou nas pernas e eu cai.
Eu ainda tinha a arma na mão e eu via aquela figura de cachorro desfigurada vindo na minha direção. Os dentes afiados escorrendo um liquido branco e os olhos vermelhos estavam em chamas. Eu puxava a arma e ela não disparava e meu desespero ia aumentando. Sentia meu coração bater tão rápido que eu tinha medo dele saltar para fora do corpo. Arma arma .... gatilho ... pensava em como era atirar então me vi nos episódios de Sobrenatural e me lembrei do maldito gatilho. Com certeza foi o desespero, mas eu acertei em cheio. Acho que eu tinha talento para atirar, mas eu não estava sozinha na sala.
Um vulto passou por entre as cadeiras e eu corri para cima subindo dois degraus por vez e tentei controlar minha respiração quando fiquei atrás da porta de um dos quartos. Eu pudia sentir o cheiro ficando mais forte ao mesmo tempo que o outro vinha na minha direção.
Eu precisava sair urgente ou ia acabar encurralada. Tentei pensar o que Benjamin faria ou Trevor e os minutos estavam contra mim.... Sem nenhum Plano B em mente eu sai de trás da porta e disparei dois tiros, um acertou aquilo no peito que o fez cambalear e o outro eu tinha muito sorte no meio da testa. Mas eu tinha errado a distancia e quando ele caiu para o andar de baixo fui junto.
Como em câmara lenta vi meu corpo caindo e bater com força contra a mesa e depois cair sobre as cadeiras no chão. A arma tinha caído da minha mão e estava perto do balcão da recepção e entre nós a mulher de bege.
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