quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coveiro 1.1

Capitulo - Desaparecida:  Iniciamos este novo livro com a primeira parte do capitulo onde encontramos nossa detetive Laura, em São Paulo, junto com seu parceiro Caetano, eles vão descobrir que o que parecia ruim pode ficar pior.



Laura estava com a cabeça baixa sobre os braços dobrados na sua mesa de trabalho. Já fazia dois dias que ela não ia embora.  Sobre a sua mesa estava uma dezena de fotos e reportagens de um desaparecimento de uma garota.
                Caetano tinha acabado de chegar e colocou sobre a mesa um grande copo de café preto que a fez despertar.  Seus olhos castanhos claros e seu sorriso de uma linha única não perdiam a beleza mesmo com inúmeras horas sem dormir ou comer. Ela deu uma leve ajeitada nos cabelos lisos e os prendeu de uma forma desajeitada.  Antes de Caetano falar qualquer coisa ela com um dos dedos pediu um minuto e tomou um gole do café.
- Então alguma novidade? Ontem fiz algumas ligações e não consegui nenhuma pista – falou Caetano sentando ao seu lado.
- Não sei essas ligações da casa da garota não nenhuma ligação com o desaparecimento. Não há motivos para uma garota sumir assim do nada. Seus pais não estão envolvidos em nada escuso. Ela não tinha amigos, namorado, não conhecia quase ninguém.  Precisamos voltar ao local onde ela desapareceu.
Laura levantou e andou até a janela do prédio da delegacia do centro de São Caetano, em São Paulo. Além do desaparecimento da garota Jennifer mais alguma coisa tirava o sono dela. Ela tinha o café nas mãos e girava o copo sem vontade de tomar. Caetano levantou e colocou uma das mãos no seu ombro.
- Vamos encontrá-la viva. Tenha fé Laura. – ele segurou seus ombros e a fez virar para olhar seus olhos. Ela ainda estava com a mesma expressão de antes.
Laura sorriu para ele e andou até sua mesa. Pegou a chave do carro e juntou rapidamente todos os documentos da mesa e colocou numa pasta.
- Vamos, se ela estiver viva temos pouco tempo. Não sabemos com quem estamos lidando.
- Tudo bem, mas amanhã você paga o café certo. Desse jeito vou falir Laura.
- Não pedi café Caetano, você comprou porque quis e ainda não trouxe nada para comer. Temos que passar no Dotuns. – falou dando seu sorriso irônico. Mas ela sabia que tinha algo que a estava incomodando a algumas semanas.
No caminho para o Parque da cidade de São Caetano Laura ficou o tempo todo olhando os papéis e pensativa.  Eles se conheceram a muito tempo quando ele veio transferido de Minas Gerais. Laura trabalhava sozinha e foi resistente quando Claudio o colocou como seu parceiro.
Ele ainda lembra-se dela furiosa na sala de Claudio jogando as coisas sobre a mesa dele, mas ele falou alguma coisa que a fez mudar de idéia. Até hoje ele nunca perguntou o que era. Nunca falava de onde veio e outras coisas que eles não tinham vivido juntos. Algumas vezes via Claudio conversando com ela na sua sala fechada, mas jamais ela deu abertura para perguntar sobre o que era.
Mas de algumas semanas para cá antes mesmo do desaparecimento de Jennifer ela andava diferente.  Caetano manteve uma das mãos na direção e com a outra fechou a pasta que estava no colo de Laura.
- Então quando vai me contar o que esta acontecendo? – falou um tom baixo.
Laura levou alguns segundos para ver que a pasta no seu colo estava fechada e direcionou seus grandes olhos castanhos para Caetano. Levemente uma das suas sobrancelhas levantou e ela riu.
- Por que acha que tem algo errado? – mas seu tom de voz era irônico – Tem uma garota desaparecida sem pista e você não acha que tenho motivos para ficar preocupada?
Laura levantou o tom da voz e ergueu as mãos para fazer a pergunta a Caetano. Ele voltou a olhar a estrada e falou um tom ainda mais baixo:
- Quando você vai perceber Laura, que as coisas que te afetam me afetam também? – ele parou o carro no acostamento – Se você não me contar o que esta acontecendo com você não vou poder te ajudar.
- Me ajuda se continuar dirigindo e acharmos logo no local do desaparecimento, certo?
Ele ia desistir mais uma vez, ela ainda não confiava nele. Não queria contar o que tinha acontecido e os reais motivos da sua preocupação com este caso. Mas eles não imaginavam que as coisas poderiam ficar piores.
Caetano chegou perto da praça de onde a Jennifer tinha desaparecido no último final de semana e viu uma grande agitação. Eles não tinham percebido que a praça estava cheio de pessoas num evento beneficente. Crianças, balões, cama elástica, música, tudo ao mesmo tempo e isso dificultaria as chances de ainda ter alguma pista.
- Caetano preciso voltar ao local onde ela foi vista pela última vez, você poderia ver as câmeras de segurança, pode ter passado alguma coisa?
- Certo – falou indo na direção contrária a Laura, mas voltou alguns passos – Toque cuidado certo?
- Tudo bem Caetano – falou rindo e apontando para um dos palhaços entre a multidão com as mãos na frente do rosto para cochichar – Suspeito? – e saindo balançando a cabeça.
A alguns metros um homem com uma fantasia de palhaço e com botas de borracha branca viu
Laura se afastando da multidão e indo na direção do fundo da praça. Entre o final da praça e a rua principal tinha um pequeno atalho que era usado por Jennifer todos os dias, até Sexta-Feira passada. Laura caminhava despreocupada e não percebia que estava sendo seguida.
Caetano entrou na sala de segurança da praça e pediu autorização para revisar os vídeos e ficou trabalhando enquanto via na tela principal Laura indo para o atalho da praça. Ele viu o palhaço indo na mesma direção, mas nem olhou por mais que dois segundos, a praça estava cheia e o atalho poderia ser o caminho de qualquer um.
Claudio era o chefe da equipe de investigação de São Caetano e trabalhava a alguns anos com
Laura e sua equipe. Estava preocupado porque ela não queria tocar no assunto da liberdade condicional de Frederico. Logo eles a chamariam para fazer acareação e dessa vez ela não poderia fugir.
Estava esperando na linha para falar com Samanta, amiga de Laura.
- Tudo bem, Sam? Como está Tom e as coisas ai na cidade?
- Tudo bem, Claudio, como esta Laura? Estamos tentando de todas as formas não divulga a data da nova acareação, mas nosso editor esta em cima. Logo será anunciado. Tentei falar com ela ontem, mas essa guria não volta para casa?
- Ela tem ficado direto aqui na Delegacia, esta envolvida com um desaparecimento de uma garota...
- Avisa ela que eu liguei, certo Claudio. Vou tentar falar com ela mais tarde. Tom manda lembranças e obrigada por cuidar da nossa amiga.
Caetano olhava os vídeos no servidor e não conseguia encontrar os de sexta-feira depois das 22h00min horas.  Parecia que as imagens tinham sido apagadas do servidor.
- Alguém teve acesso a esta sala além da empresa de segurança do parque? – perguntou ao responsável pelos vídeos. Ele tinha um crachá com o nome Jorge.
- Não, apenas nos temos acesso e a policia, ontem entreguei uma cópia dos arquivos a um colega seu da Delegacia.
- Colega? Quem veio aqui – perguntou Caetano levantando e olhando o vídeo onde antes via Laura.
Laura não estava mais na tela. Não havia ninguém mais no vídeo. O responsável pelos vídeos falava e Caetano tentava encontrar sua parceira nas outras telas, mas ela não estava em nenhuma.
- Esses vídeos – pegou Jorge pela camisa e apontou para as telas na sua frente -  têm como voltar alguns minutos? – quando ele confirmou que sim num movimento com o rosto, Caetano exigiu – então faça agora.
Saiu para a rua e tentou ligar para Laura com o rádio, mas estava sem sinal.
Laura estava seguindo exatamente a trilha de Jennifer quando encontrou próximo a uma saída do atalho uma pequena mancha de sangue em algumas folhas secas.  Tirou do bolso da calça jeans uma luva cirúrgica e guardou as folhas em um pequeno saquinho de provas.  Bem na sua frente ela viu uma tampa de um dos bueros mal fechada e saiu do atalho entrando na mata.
No seu encalce o homem com as botas de borracha branca a observava. Ela abriu a tampa do buero com esforço e desceu com uma lanterna nas mãos os degraus com cuidado. Quando chegou lá em baixo tentou falar com Caetano, mas o rádio estava sem comunicação. Antes de começar a caminhar com a arma engatilhada e a lanterna apontada para frente, um estalo de galhos quebrando chamou sua atenção para o buraco aberto do buero.  
- Oi? – gritou, mas ninguém respondeu. Pensou em voltar, mas alguma coisa chamou sua atenção, parecia uma pequena luz ou reflexo de algo no final do túnel. Ela foi adiante.
O túnel não parecia ter mais de alguns metros de comprimento, mas era apenas uma impressão errada, era longo e passava por baixo da praça. Ela conseguia escutar gritos e risadas das pessoas e não percebeu que a luz do túnel atrás tinha sido fechado.
Caetano tentava falar com Laura e não conseguia disfarçar a preocupação.  Entrou novamente e o rapaz logo apertou o play
- Veja, acho que isso é importante? – falou Jorge
Ele via Laura coletar algumas provas e seus olhos a via sumir na mata. Pensou consigo – Maluca – mas então seu coração acelerou quando viu o mesmo palhaço de antes tirar algo do bolso e ir atrás dela.
- Onde fica isso? – perguntou ao rapaz segurando seu braço
- Na ala norte, caminho principal a esquerda – respondeu enquanto Caetano engatilhava a arma e chamava por reforços no telefone. Ele não sabia se chegaria a tempo, mas correu o mais rápido que pode.
Laura seguia em frente quando escutou um barulho que fez sua espinha se arrepiar. Como se alguém riscasse as paredes com um grande ferro, o som era assustador e familiar. Perturbada Laura deixou cair à lanterna no chão e por alguns segundos não sabia mais para que lado estava  indo. Alguma coisa fez as luzes do túnel começar a piscar e outro som familiar atingiu como uma flecha Laura.
- Lauraaa – era uma voz mecânica. Chamando seu nome...
Laura via as imagens de dois anos atrás quando foi seqüestrada pelo Coveiro, que tinha assassinado mais de uma dúzia de mulheres e que a tinha levado para um velho deposito de vinhos. Ele riscava por fora do tonel onde ela estava pressa e tinha pouco espaço e ar.  Os fleches viam na sua mente e ela mantinha as mãos na cabeça ainda com a arma engatilhada.
Um barulho próximo fez seus músculos temerem e apontou a arma para a escuridão. Não tinha certeza se as coisas que escutava eram reais, pois sentia falta de ar.
- Não, não pode ser – sussurrava para si quando alguma coisa passou pelos seus cabelos e pode perceber uma respiração ofegante.
Laura apontou a arma novamente para o outro lado e andou alguns passos a frente. No escuro bateu em alguma coisa e caiu. Catou com as mãos sua lanterna que ainda estava ligada e quando a pegou e apontou para sua frente tinha um caixão com uma tampa de vidro.
Diante dos seus olhos ela via a garota morta com a boca aberta e as unhas em carne viva de tanto tentar arranhar o caixão.
Deu um grito e correu na direção contrária, sem saber para onde estava indo. Bateu em alguma coisa e caiu arranhando o rosto. Quando estava levantando alguém a pegou por trás e ela começou a lutar.
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário