Joaquim ignorou Valentim e se aproximou de Beatrice. Verificou novamente seus batimentos, fracos, mas constantes. Ela estava instável,mas totalmente debilitada.
- Você precisa comer Beatrice, por favor – sussurrou ao pé do ouvido dela – Vou arrumar um jeito de tirar você daqui, certo. Vou tentar avisar Ollie...
Então Beatrice segurou firme as mãos de Joaquim e abriu com firmeza seus grandes olhos negros. Olhou discretamente para Valentim que recebia algumas ordens de Valentina.
- Se eu sair, eles vão mata-lo, Joaquim. Por favor, eu vou ficar bem...
Joaquim sentiu o quanto eram pesadas as palavras dela. Ele precisava fazer alguma coisa e urgente.
- Fique firme, vou dar um jeito, por favor...
Antes de terminar Valentim colocou Joaquim para o lado e pegou Beatrice nos braços. Ela não tinha condições de andar, muito menos de ficar em pé.
Ollie dirigia sem rumo, não sabia para onde estava indo. Apesar de ter a certeza de que ela ainda estava vivo, depois da ida ao laboratório ele já não tinha mais certeza de nada. Chegou um ponto que as lágrimas o impediam de continuar dirigindo e ele parou o carro. Com as mãos e a cabeça encostada no volante, sentiu uma pequena vibração na estrada.
Diante dos seus olhos a estrada foi tomando forma e ele via nitidamente Beatrice nos braços de Valentim. Ela estava desacordada e completamente debilitada. Via pela cor da sua pele.
Ficou alguns minutos sem respirar, desceu no carro e foi na direção do laboratório que tinha na sua frente. Como se Beatrice sentisse a presença de Ollie abriu os olhos e por segundos eles se cruzaram.
Uma buzina acordou Ollie no transe tirando fininho dele que estava no meio da pista. Ele já não sabia se era real ou um sonho.
Caio seguia Ollie e sabia que cedo ou mais tarde Joaquim entraria em contato com ele. Dessa forma seria muito mais fácil encontrar Beatrice.
Viu quando ele entrou no carro e foi na direção de Porto Alegre.
Beatrice mantinhas os olhos fechados enquanto ia na direção da cela novamente. Não sabia se tinha visto Ollie ou se tudo não passava de mais uma ilusão. De uns dias para cá tinha o visto em outros lugares. Até mesmo no hospital. Provavelmente era por causa da máquina de Joaquim. Preferia que ele estivesse bem longe de tudo a salvo.
Já sozinha, ela lembrou de alguns momentos que teve com ele. Seu sorriso era a lembrança que Beatrice mais gostava. Dessa vez ela não faria nada por impulso, esperaria quanto fosse possível, o tempo necessário, mas sabia que o encontraria novamente. Pela primeira vez, ela se mantinha viva, sem receio.
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