terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mercy - Parte 01

   No caminho para Fletcher eu me escorei na janela e senti meu corpo ficar gelado. Os arrepios pelo corpo foram ficando para trás junto com o som da voz de Dave e Gregório discutindo quantos eles tinham matado da última vez. A última coisa que me lembro foi de ver os olhos de Benjamim sobre mim pelo reflexo do espelho.

   Já era dia quanto uma mão suavemente colocou meu cabelo para trás da orelha e sussurrou meu nome. Era Dave e ele insistia em manter as mãos em mim. Tanto eu quanto Benjamim que nos observava parecia também não gostar.

   Fletcher era uma cidade pequena como Prateado. Quando sai do carro envolvi meus braços em minha volta para me proteger do frio. Era uma fria e gelada manhã e estávamos em frente a uma cafeteria. Gregório vinha com um jornal nas mãos e abriu ele sobre o capo do carro.

    Benjamim vinha de dentro da cafeteria com uma bandeja e depois de alcançar um copo de café para cada um deles me estendeu um também. Era tudo que eu precisava, algo quente e confortante. Um novo arrepio de frio fez meu corpo tremer e senti o gelado do sangue na minha perna. Droga ! - rapidamente desci mais um pouco o agasalho para que eles não vissem a mancha de sangue no jeans.

    Mas felizmente a atenção deles estava para uma manchete no jornal da cidade: DESAPARECIMENTO … este última era de uma garota de dezoito anos no bosque próximo a cidade. Quando Gregório abriu o mapa novamente eu vi diversos pontos vermelhos, os mesmos que eu via no mapa de Samuel e Trevor há muito tempo. Imediatamente vieram as imagens do mapa em minha mente.

- O que são estes pontos ?

    Minha pergunta chamou a atenção deles e Dave deu um passo na minha direção.

- Você não sabe ?

- Eu não perguntaria se soubesse, não acha ?

   Ele revirou os olhos de uma maneira debochada, mas foi Benjamim que respondeu:

- Todos os pontos são lugares onde encontramos ou foi visto algum tipo de demônio ou algo como o que vimos ontem a noite. Eles são as melhores pistas para descobrimos sobre o Livro. Se eles sabem de mais alguma coisa.

    Olhei com atenção para o mapa e eram muitos pontos vermelhos e a maioria dos últimos meses.

- Eles tem aparecido com mais frequência … - mas eu não terminei a frase. Eu sabia que as datas batiam a do morte de Samuel e ao parecimento do Livro do meu pai.

    Benjamim parecia ter me entendido e olhou para Dave:

- Bem, vamos ao que interessa. Você vai com Clara na biblioteca da cidade e da uma olhada nos obituários veja se tem alguma coisa diferente ou estranha. Vamos ao bosque ver o que encontramos certo ?

   Eu não entendia porque ele me mantinha tão próxima de Dave. Talvez ele tenha percebido o modo como eu o olhava e estava dando uma direta. Esta teoria já estava se concretizando enquanto eu caminhava ao lado de Dave pelo rua em direção ao prédio da Biblioteca quando senti um toque quente na minha mão.

   Ele a segurou pela pontas dos dedos e eu encontrei rapidamente os olhos claros de Benjamim:

- Use isto – ele tinha tirado o casado dele e estava me estendendo – e quando voltar vamos suturar esse corte certo ? - ele olhou para a mancha de sangue na minha perna.

    Benjamim não esperou eu responder entrou no carro e seguiu com Gregório. Ele nem olhou para trás. Hum ! - Ri levantando os olhos e senti o rosto quando percebi que Dave me observava.

    As ruas eram estreitas e o prédio da biblioteca era muito velho. Apesar do sol forte o frio era mais intenso e fechei o casaco até em cima e senti o cheiro dele. Mesmo com o pedido de silêncio na entrada da biblioteca Dave me pergunta:

- Então Clara qual sua história ?

   Formei uma linha reta com os lábios e o olhei nos olhos. Não eram tão claros quanto os de Benjamim, mas eram de um castanho claro quase transparente. Ele tinha um modo de falar que o deixado terrivelmente charmoso. Benjamim parecia gostar de viver com emoção.

- Nada de especial, quero a verdade sobre meu pai e minha família.

- Bem vida ao clube ! - ele falou e fez um movimento de nobre curvando os joelhos e uma mulher grisalha chamou a atenção dele brutamente. Ele riu daquele jeito encantador e a mulher lhe devolveu um sorrido aberto.

  Revirei o olhos ele era impossível. Sentei numa cadeira ao lado do computador para que ele pudesse me mostrar o que estava procurando. Eu era muito boa em computadores. Dave sentou rindo ainda para a bibliotecaria, mas logo desviou seus olhos para mim. Ele aproximou a sua cadeira da minha deixando sua perna escorar na minha. Engoli seco quando senti o calor do corpo dele perto do meu, ele era um homem charmoso e sabia disso.

    Eu recuei as pernas e ele antes que eu pudesse reagir novamente segurou minha perna machucada e a apoiou sobre o pé dele aproximando a minha cadeira mais da dele.

- Não queremos que as pessoas vejam sangue na sua perna ?

  Eu não disse nada, talvez porque pela primeira vez com Dave fiquei sem resposta. Certo! - pensei comigo e respirei fundo sem que ele percebesse.

- Você e Benjamim são irmãos ?

   Ele riu e fez um levantou as duas sombracelhas e o óculos ao mesmo tempo.

- Pará, eu e Ben, não! Sou muito mais bonito que ele. Não somos nem parecidos.

    Dave continuou rindo mais eu não e ele continuou:

- Não, Gregório me encontrou no hospital depois da morte da minha família. Ele era amigo do meu pai e me tirou de lá. Ao que tudo indica minha família estava com o Livro quando foram mortos.


- Eu sinto muito...


- Tudo bem... isso foi há muito tempo Clar – vi seus olhos castanhos verdadeiros pela primeira vez e gostei deles.


- E Ben …


- É melhor ele contar isto, ele não gosta de dividir as coisas dele, sabe ? - Dave colocou os óculos e começou a ver os obituários.

   Não era dessa vez que eu ia descobrir mais sobre Benjamim. Vi Dave olhando noticias antigas.

- Então como funciona ?

   Ele puxou minha cadeira para mais perto dele e ficamos mais próximos que antes.

- Veja – ele olhou para a tela – alguns obituários registram apenas fatos, estes são os interessantes. Eles não deixam ser fotografados.


- Mas como você sabe …


- Psiu ! Olha os fatos.

   Então eu pela primeira vez vi a verdade por trás das noticias. Os fatos estavam sempre escondidos entre outras noticias. Eram notas pequenas de falecimentos de pessoas sem muita importância ou pessoas de ruas.

   Olhei para Dave como uma criança que acaba de descobrir um segredo. Quando ele ia falar alguma coisa se aproximando do meu rosto seu telefone tocou

-  Adoro o timer do Benjamim … um minuto... - ele se levantou e sumiu entre as prateleiras de livros.

   Puxei a cadeira para mais perto do computador quando um nome dentre todos os obituários fez meu corpo ficar gelado e o sangue acelerar meu coração. Estava escrito Samuel Jack.

Samuel Jack !

   Todo o tempo em volta parecia ter ficado mais lento. Recuei a cadeira com o susto e vi quando a bibliotecária ainda seguia Dave com os olhos. Segui os dela até ele. Dave estava escorado em um dos pilares da entrada com o pé apoiado na parede enquando falava ao telefone. Ele parecia um garoto, porque com a outra mão brincava com um pequeno pedaço de papel.

Ele estava usando uma calça jeans escura e uma camiseta branca. Por cima um agasalho azul marinho aberto. Foi quando os olhos castanhos dele me encontraram. Mesmo me conhecendo a algumas horas ele estreitou os olhos sobre mim e virou o rosto.
   Tomei outro susto e voltei a olhar para a tela do computador.
   Era coincidencia, coincidencia … eu ficava repetindo dentro da cabeça várias vezes. Respirei fundo e digitei novamente no site de procura o nome do Samuel Jack. Nada, não retornou nada pelo buscador. Senti meu coração bater mais lento e a cor das minhas mãos voltarem do branco ao bege claro.

   Escutei de longe os passos rápidos de Dave no chão de madeira da sala e voltei meus olhos para a tela para voltar para a pagina anterior, quando o buscador trouxe um link na tela. Era uma imagem. Eu tinha pouco tempo antes dele ganhar a tela no seu campo de visão e apertei o botão imprimir.

     Quando as mãos dele tocaram a cadeira a tela já estava na mesma página de quando ele tinha saido. Escondi minhas mãos dentro do agasalho para que ele não percebesse que eu tremia.

- Encontrou alguma coisa ? - a voz dele estava mais suave que antes como se ele estivesse me estudando.

    Quando os olhos dele me encontraram novamente eu desviei, senti meu coração em pânico quando a bibliotecária colocou o papel que tinha impresso sobre o balcão.

- Eu já volto – falei e tentei mandar na direção das mesas perto do balcão quando ele me segurou pelo cotovelo.

O que esta acontecendo.

- Eu preciso de um minuto, certo ? - e senti meu rosto firme e tirei as mãos dele suavemente do meu braço.

   Mas ele abaixou a cabeça e tocou em mim novamente:

- Um minuto … - seus olhos escuros em tom de ameaça – Aqui não é seguro.
    Desvei das mesas em direção ao toalete quando o vi sentar novamente em frente ao computador. Sem que ele percebesse eu mudei a direção voltando ao balcão para buscar a imagem que eu precisava ver. Quando passei por um grupo de estudantes rindo o perdi de vista, mas tinha alcançado o balcão.

    Quando eu coloquei meus olhos sobre a foto impressa vi Samuel. Era ele mesmo sem sombra de dúvida. Aproximei meus olhos da foto e li em voz baixa:

- Equipe médica do Hospital de Fletcher.

     Um barulho de porta batendo chamou minha atenção para Dave, mas ele não estava mais lá. Caminhei com a foto nas mãos entre as mesas e outro barulho chamou minha atenção para a janela no corredor e andei dois passos na direção dela.

     Quando meu corpo entrou no corredor um vulto passou por mim e eu não vi mais nada.

domingo, 7 de agosto de 2011

Amanhã Episodio - Mercy (Anjo da Misericórdia)

"A curiosidade é mais importante que o conhecimento." Albert Einstein

Cenas no episodio Mercy abaixo:

* Clara sente os olhos de Ben nos dela,
* Gregório com o jornal aberto sobre o capô do carro,
* Dave caminhando com Clara,
* A foto de Samuel antiga ....
* Clara no bosque entrando na mata
* Corpo no chão
* Ben e Clara rosto no rosto
* Clara correndo, Dave rindo , Ben a estendendo um agasalho...

Musica do trailer: One Republic - Mercy

Narração da autora da cenas:

Quando você esta preso no passado e tentando encontrar o caminho certo, você ... pode mudar sua vida para sempre.

Você precisa acreditar ...

O tempo vai revelar ...

Apenas precisamos estar preparados para o futuro.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Livro - Series Nota Autora

Ei, saudades. Desculpa pelos dias sem postagens, mas estava reformulando uma maneira legal de contar esta história. Então será o seguinte:

Toda semana teremos um episodio, como grande fã de seriados, nada mais justo que fazer o meu, claro por que não ???

Teremos por semana um episodio dividido em três partes nas Segundas - Quartas e Sextas-Feiras.

Bom aproveitem o Episodio Piloto um pouco mais longo e aguardem a próxima postagem de Segunda.

Bem vindo as minhas aventuras !

AC

Series - Final do Piloto

    O homem da cafeteria estava lá com a doze engatilhada. Todos estavam voltados para mim, apenas o que estava na porta do quarto do motel se moveu na direção dele. Eu permaneci com os pés firmes do chão. Um deles com o rosto desfigurado me olhava entre os dentes. Mas a voz do homem com a doze quebrou seu olhar sobre mim e se voltou para ele:
 
 
- Não é atrás dela que vocês estão, deixem ela ir – exigiu ele. Ele era tao grande quanto Benjamim, mas ao mesmo tempo parecia ter menos peso nas costas. Estava rindo de mim por algum motivo que eu não entendia.

    Uma das criaturas uivou e o resto de roupa ainda do corpo dele rasgou. Dos seus pés surgiram patas e seus olhos ficaram vermelhos como o dos outros também. Com uma voz de cão, o mesmo que me olhava respondeu:

- Dave, você que esta onde não foi chamado …

    Ele falou e deu um passo na minha direção. Um tiro certeiro fez a criatura cambalear e cair no chão. De trás do prédio da cafeteria eu vi Benjamim vindo na minha direção. Mantive meus olhos neles e vi quando ele acertou outra criatura com a bainha da arma e o golpeou com os pés.
 
 
    Senti minhas mãos relaxadas com a presença dele, mas então meu campo de visão foi bloqueado. Sem que eu percebesse a criatura que estava no chão estava a poucos metros de mim.
 
 
   Todas as outras criaturas foram na direção dele e ele lutava contra vários. Vi seu corpo sendo jogado sobre o capô do meu carro a pouco metros de mim. A coisa na minha frente estava rindo, como se fosse possível imaginar um cão rindo, brincou de zigue-zague comigo como gato e rato, quando tentei correr. Ele sabia que eu era uma pressa fácil. Quando o toque nele ia ser inevitável Benjamim gritou:
 
 
- Dave ! - mas antes de escutar o grito ele já estava lá, atrás de mim. O tiro contra a criatura na minha frente me deixou surda por segundos e senti o cabelo dos meus ombros voar e vi a bala em câmera lenta passar por mim. Com o impacto do som da explosão perdi o equilíbrio, mas ele me pegou a tempo.
 
 
- Peguei - ele respondeu, não sei se para mim ou para Benjamim, mas uma das suas mãos estavam em volta da minha cintura e me mantinha firme contra seu corpo. Com a outra ele mantinha a arma em punho contra a criatura que pela segunda vez parecia-se recompor.
 
 
     Neste tempo perdi Gregório de vista, mas não Benjamim. Ele estava com o rosto vigoroso como se a melhor coisa do mundo fosse matar aquelas coisas. Seus olhos desviaram por alguns minutos e vi quando olhou para a mão de Dave em mim.


     Senti uma respiração no meu pescoço e vi os olhos longos de Dave sobre mim. A arma ainda em punho. Ele tinha uma beleza peculiar e ria. Dentes brancos e retos de um legitimo Dom Juan.

- Gracinha de vestido para matar alguns demônios.
 
 
     Eu não ri, nem tinha percebido o que eu estava vestindo. Uma sobre legue verde claro, as botas eram sempre as mesmas. Confortáveis e compridas até abaixo do joelho, mas eu estava sem a legue. E neste momento de descuido meu e dele algo nos atingiu. Senti o impacto forte contra o chão e a pele da coxa rasgar contra a brita.
 
 
    O homem em forma de criatura tinha novamente o rosto humano e eu reconheci imediatamente. Era o barman do bar da noite anterior. Ele tinha o pescoço do Dave em uma das mãos e com a outra tinha em especie de faca ou ferro pontiagudo. Eu não tinha dúvidas ele ia matá-lo.

     Eu tinha pouco tempo para agir e nos meus pés estava a doze de Dave. Eu nunca tinha engatilhado uma arma, ainda mais uma dessas, mas eu fiz. Sem pensar eu atirei e com o disparo eu fui arremessada no chão. Quando levantei a cabeça, vi Dave rindo livre da criatura. Eu o tinha acertado na cabeça em cheio, mas então ele me levantou com força.

- Enloqueceu ?! Poderia ter matado Dave – gritou Benjamim arrancando a arma da minha mão e jogando para Dave que se aproximava, ainda rindo. - E você mais cuidado. - ele se virou para Dave - Mais uma distração infantil dessas pode custar a vida.

   Benjamim não me perguntou nada, mas senti meu corpo ficar quente quando seus olhos percorreram meu corpo e ele viu o sangue escorrer da minha perna. Antes que ele fizesse algo Dave me segurou pelos braços e me levantou no ar. Ele ria como uma criança não sei de ter salvado sua vida ou do tiro que eu acertei, mas quando eu o olhei fixamente ele me colocou no chão.
 
 
- Você esta bem ? - ele permanecia com as mãos em mim e eu não gostava disso.

   Ele não demorou para perceber que eu mantinha os olhos em Benjamim e deu um passo para trás.

- Agora estamos quites – eu disse a Gregório que estava vindo na minha direção – Não se preocupe já estou indo embora – e me afastei deles. Benjamim parecia surpreso com minha reação. Eu também.

    Em minutos recolhi minhas coisas e coloquei numa mochila perto da porta. Entrei no banheiro para trocar de roupa quando senti o cheiro de fumaça. Para minha surpresa quando sai era meu carro em chamas.

    Minhas Coisas !!! - era o que eu tinha em mente, mas antes de chegar perto Benjamim me segurou pelo pulso.

- Eles podem rastrear pelo seu cheiro, somente assim você vai ficar segura - ele me estendeu uma calça jeans e um agasalho. Então eu vi, minhas coisas estavam queimando inclusive o moletom azul de Samuel.

    Minha primeira reação foi levantar a mão e o acertar novamente no meio do rosto, mas acredito que dessa vez ele iria revidar. Dave manteve os olhos em mim e Gregório em Benjamim.

   Soltei meu braço com força e fui na direção do carro em chamas. Mas ele me alcançou antes que eu sentisse o calor do fogo e me pegou pelo braço. Foi me arrastando até o quarto e eu gritei para que ele me soltasse.

    Dave veio em nossa direção, mas Benjamim endureceu o corpo e me colocou para dentro do quarto.

- Você – ele apontou para Dave – fique fora disso e olhou para Gregório – Não vou machucá-la.

    Eu estava acoada e recuei quando ele foi na minha direção. Bati com as pernas na cama e ele riu. Ele passou as mãos pelo cabelo e as manteve assim por alguns minutos.

- Eu sinto muito. - escutei como um sussurro, mas ele repetiu mais alto – Eu sinto muito. Acha que sou este tipo de cara que queima coisa de garotas – ele andava pelo quarto com as mãos na cabeça ainda – Não! - ele gritou

  Eu senti meu corpo tremer e sentei na cama, já que minhas pernas tinham ficado moles dessa vez.

- Conheci seu pai Clara e posso te fazer apenas uma pergunta para saber se você tem o mesmo caráter dele.

    O modo como ele falava o movimento dos lábios e a cova do lado esquerdo foram deixando minha visão destorcida eu sentia a ponta das mãos formigando. Mas quando ele falou do meu pai, algo dentro de mim despertou.

- Você trocaria a vida de qualquer um de nós por suas coisas materiais ?

    Tomei um susto com a pergunta dele e o olhei diretamente nos olhos e ele continuou:

- Eles podem nos localizar pelo cheiro das suas roupas, de alguma forma você tem algo que eles querem, eu não sei o que é, por isso...

     Ele não terminou de falar eu tinha entendido a pergunta e nenhuma vida válida nada que estava queimando no carro. As lembranças de Samuel eu tinha guardado comigo. Me levantei e peguei em cima da comoda as roupas que ele tinha me dado antes.

- Vou me trocar

     Ele não falou nada apenas me seguiu com os olhos até que eu fechei a porta do banheiro. Quando sai eu parecia muito menor do que era. As roupas eram enormes, mas eu não falei nada.

     Quando ele foi abrir a porta do quarto eu segurei sua mão. Quando ele sentiu meu toque seus olhos procuraram os meus rapidamente.

- Eu sei o que eles querem. Se você conheceu meu pai então você sabe sobre o livro de Ehd ? - eu tirei de dentro do agasalho que ele me deu o livro do meu pai e o entreguei.

     Ele colocou minhas mãos sobre o livro e sussurrou:

- Guarde isto Clara. Precisamos ir. Conversamos assim que estivermos seguros.

   Sai do quarto com ele. Senti uma leve pontada na minha perna que já estava molhando o jeans. Tinha sido um corte feio, mas eu não tive tempo de limpar. Entrei no carro ao lado de Dave e ele me estendeu a mão:

- Dave, gracinha ainda - ele ria e mesmo a noite desceu os óculos escuros para me olhar melhor.

- Clara – ri sem graça

     Gregório sentou na frente ao lado de Benjamim que regulou o espelho na minha
direção. Vi seus grandes olhos azuis sobre mim.

- Próxima parada – Gregório abriu um grande mapa, o mesmo que eu já tinha visto na casa de Samuel, assim como Trevor e meu pai, ele nunca me falava nada sobre seu trabalho, senti medo do que eu poderia descobrir sobre ele e um frio percorreu meu corpo – Flether - concluiu Gregório.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Terceiro Dia - Parte II

       A estrada ainda era a mesma, mas depois do retorno a vista tinha mudado. Devia ter algum lugar onde eles iam parar. Não tinha entrada para nenhuma cidade então eu tinha que estar no caminho cento. Na trilha deles.


      Perto das cinco da tarde antes do sol entrar completamente, encontrei um pequeno café na beira da estrada. Tinha pessoas, crianças e possivelmente um motel nos fundos. O carro deles não estava ali, mas eu precisava comer alguma coisa e tomar um banho.

      Me certifiquei que não tinha nada de estranho antes de entrar e percebi que tinha alguém me observando sentado no fundo da cafeteria. Meu coração bateu rápido pensando ser Benjamim, mas ele tinha o cabelo escuro. Estava com a xicara de café nas mãos e me olhava fixamente.

      Baixei os olhos e sentei numa das mesas perto da janela onde eu poderia ver o carro deles passar. Quando a garçonete veio me servir o café eu falei:

- Oi, tem um lugar para dormir aqui, certo ?

- Claro, moça. Aqui nos fundos. Você quer alguma coisa para comer ?

    Eu pedi nem sei o que, mas estava muito bom. Ou eu poderia estar com fome, so sei que quando terminei de comer já estava escuro de novo. Sentia ainda o desconforto da noite anterior e tudo que eu queria era um banho quente.

     Ele não estava mais lá, o homem dos fundos. Tinha os olhos verdes e quando me viu sorriu levemente. Tinha um rosto marcante, mas nada comparado ao de Benjamim. Eu nunca comparava ninguém a Samuel. Mas sem pensar vi a semelhança dele com o rapaz sentado no fundo da cafeteria. Eles se pareciam.


      Antes de entrar no quarto me certifiquei que não tinha nada de diferente e tranquei as portas. Para garantir coloquei uma cadeira entre a maçaneta para garantir.

     Foi um longo banho e senti falta do casado de Samuel.

      Trevor já devia estar desconfiado porque eu ainda não tinha ligado e pelas contas dele eu já teria chegado em Flecter.


- Trevor, oi.
- Clara, tudo bem ? Você já chegou ?
- Não, tive que fazer uma parada. Mas tudo bem Trevor. - eu menti e não gostava de mentir para ele. Mas se ele não me contou da agenda e sobre meu pai eu teria que descobrir sozinha.
- Quando você chega em Flecter ?
- Amanhã Trevor. Eu ligo quando chegar certo ?
- Clara.. - ele parecia estar respirando para falar.
- Oi, tudo bem ?
- Tudo, quando chegar me liga, precisamos conversar.

      Ele não esperou eu responder e desligou. Ele parecia querer falar. Mas eu não ia voltar. Era tarde demais.

      Foi uma noite longa, eu não conseguia dormir. Sonhava com Samuel e com aquela coisa tentando me matar. Acordei com um barulho do lado de fora do quarto. Eram passos e senti um arrepio de frio. Vesti a primeira coisa que vi e coloquei as botas.


- Tem alguém ai ? - gritei mas ninguém respondeu.

      Quando abri a porta, parecia idiota abrir, mas …, não tinha nada lá fora. Estava uma noite clara, mas meu carro estava com o porta mala aberto. Corri até ele, mas antes de chegar o ranger da madeira na porta do meu quarto me fez virar.

- Então nos encontramos de novo.


        Ele era, a mesma criatura que Gregório tinha acertado. Ele estava de novo com forma humana, mas com o mesmo aspecto nojento de antes. Os olhos eram os vermelhos e senti o cheiro forte de enxofre.

        Tentei ir na direção do carro, mas tinha mais deles. Todos em minha volta. Mas antes que alguém pudesse falar alguma coisa o barulho de uma arma sendo engatilhada chamou minha atenção.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Terceiro Dia - Series

"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."
 

     Acordei dentro do carro com o sol no meu rosto. Eu não tinha forças para andar mais e a estrada não parecia ter fim na noite. Entrei num pequeno acostamento entre a vegetação e ali dormi por algumas horas.

     Como a estrada estava longe troquei de roupa dentro do carro e finalmente eu estava livre do cheiro de enxofre da noite anterior. Coloquei as roupas sujas no porta mala e limpei o ferimento acima do ombro esquerdo. Tinha ficado com as marcas das mãos de Benjamim e bem no inicio do antebraço tinha a marca vermelha da mão daquela coisa.

     Pensei nas palavras de Benjamim que era um avatar, uma variação … devia ter alguma coisa na agenda do meu pai. Voltei para dentro do carro e folhei rapidamente tentando encontrar alguma coisa, quando um desenho velho dele chamou minha atenção. Era a coisa que tinha me atacado, no lado tinha um nome. “Azucrim”.

Demônio entidade diabólica, molestia. Tinha a missão de recolher o maior número de almas para o inferno. Após possuir uma pessoa esta passaria a viver apenas nas sombras durante o dia. A noite tomavam forma humana para caçar e aumentar seu exercito. Pessoas de alma puras eram transformadas em alimento. Balas de prata, gasolina e sal podiam mata-los. Confundido com o mito do Lobo, pois sua forma de fera era muito semelhante, mas diferente do mito, eles não transformar humanos neles, eles tomam a alma.

    Gasolina ? Era o que Gregório e Benjamim tinham usado. Então abaixo das anotações no rodapé da mesma página tinha:

      Conheci hoje Gregório. Bom homem.

      Eu não tinha lido quase nada da agenda até porque eu nunca tinha visto ela até dois dias atrás. Assim que sai do hospital fui até a casa de Samuel e procurei pelos destroços a pequena caixa azul que ele tinha me tido. Lá dentro tinha uma chave e uma senha. No cofre, na rodoviária estava a agenda e o um saquinho azul que eu ainda não tive coragem de abrir.

     Ainda lembro das últimas palavras de Samuel: Fiz tudo errado, Clara... Porque que ele tinha tido isso  ?

     Até hoje eu não sei como ele conhecia meu pai, mas por este motivo eu tinha me mantido viva este tempo todo. Mesmo depois de ver Samuel ser jogado pelo quarto por alguma coisa e ser cortado no ar. Eu ? Fechei os olhos para apagar as lembranças. Parecia que ele sabia o que estava acontecendo. Tinha sangue por todo lado e quando coloquei a mão na porta ela abriu como uma explosão e eu apaguei. Acordei no hospital dois dias depois.

     Não fui ao enterro de Samuel. Nem tinha ido visitar sua sepultura. Eu o tinha amado muito e tinha acabado.

     Entrei no carro e fiz o retorno na estrada. Se este Gregório conhecia meu pai, ele poderia me ajudar. Eu precisava conversar com ele. Encanto não era mais meu destino.


Nota da Autora - Trilha Series

Aproveitem pois a música abaixo e a letra dizem muito do enredo de Series.

Pode-se dizer que a música começa a tocar quando mesmo entre vidros escuros Clara e Benjamim trocam olhares.

domingo, 10 de julho de 2011

Series - Final do Segundo Dia

   Fiquei sentada no degrau entre o bar e o salão até que o barulho das madeiras estralando no fogo e o cheiro da fumaça começaram a me incomodar. Gregório tinha amontoado todos os corpos no centro do salão, incluvise o que tinha me atacado e parecia uma grande fogueira.

    Benjamim tinha saido duas vezes do bar e na última vez ele trouxe uma camisa escura e colocou perto de mim. Eu não tinha entendido para que era até que Gregório sentou ao meu lado.

- Precisamos sair daqui, Clara, certo ? Este é seu nome ?

    Eu apenas fiz sinal com a cabeça e vi que Benjamim nos observava de longe.

- Pode parecer estranho na primeira vez, mas depois de um tempo você acaba esquecendo, certo ? Pense que não passou de um pesadelo.

    Gregório parecia gentil diferente do homem que eu tinha visto na porta do bar e o mesmo que arrastava corpos como se estivesse amontoando roupa suja ou lixo. Ainda estava gelada e ainda sentia o cheiro horrivel de enxofre em mim.

- Você precisa tirar este casaco sujo de sangue. Coloque isso, esta limpo. - disse Benjamim se aproximando de mim e de Gregório – ele colocou a camisa sobre mim.

     Minha carteira de motorista estava sobre o meu colo e quando tirei o casaco de Samuel ela caiu nos pés de Gregório. Ele segurou por alguns minutos e assim como Bj ele também parecia surpreso.

- Você é prima ou alguma coisa de Trevor Scott ?


   O nome do meu irmão soou diferente para mim. Ninguém nunca tinha me perguntado o nome dele dessa forma. Tão formal.

- Trevor, não ele é meu irmão.

    Eu ia perguntar de onde ele o conhecia, quando vi que minha resposta tinha criado um clima estranho entre eles. Benjamim se aproximou de mim e eu me levantei, reagindo a sua aproximação. Gregório também ficou me observando, mas foi Benjamim que me perguntou:

- Irmã ? Trevor não tem irmã. Quem é você ?

    Ele parecia irritado como se eu tivesse dito alguma coisa errada e como me mantive em silêncio ele me pegou pelos braços. Benjamim era muito mais alto e não senti meus pés no chão, só quando minhas costas bateram no bar.

- Quem é você ?! - ele gritou entre os dentes.

    Eu estava com medo. Não sabia quem eram aquelas pessoas e tinha sido atacada por alguma coisa que eu ainda não sabia o nome. Me senti acoada como um animal encurralado. Ele me sacudia para responder a sua pergunta, quando a agenda do meu pai caiu do chão. Nos pés dele.

    Gregório pegou a agenda e gritou:

- Benjamim, chega !

    Ele me soltou e viu que eu tinha lágrima nos olhos. Eu não tinha vestido a camisa que ele tinha me dado e voltou a sangrar da lateral do meu corpo. Me abraçei para amenizar a dor e o frio.

- Como você conseguiu isto ? Não vamos machucar você – ele olhou para Benjamim sério – eu prometo. Mas onde conseguiu esta agenda ?

    Antes de responder eu limpei meu rosto com a parte de fora da mão e limpei as lágrimas que insistiam em cair.

- Era do meu pai. Ele deixou para mim.

- Pai ? - ele olhou novamente para Benjamim

- Jim Scott.

    Gregório estendeu a agenda e a entregou a mim. Eu a peguei rapidamente e quando vi que ambos estavam sem reação, eu sabia que era a hora de sair. Peguei o casaco de Samuel e fui na direção da porta. Eles não me seguiram, mas ele ainda tinha algo que era meu. E me virei para eles:

- Eu não sei quem são vocês, mas obviamente salvaram minha vida. Obrigada. Mas você ainda tem algo que é meu e eu o quero agora.

    Benjamim olhou para Gregório que fez um sinal com a cabeça e ele tirou o papel amassado do bolso e colocou na mesa que ainda não estava em chamas na sua frente.

     Peguei o papel e o olhei por alguns segundos. Ele não parecia arrependido do que tinha feito, mas também não estava satisfeito com a minha reação. Andei em direção a porta até Gregório quebrar o silêncio.

- Clara, seu pai, por algum motivo a manteve longe de tudo. Vá para casa, seu irmão deve estar preocupado com você.

    Ele não sabia nada sobre mim, mas como sabia sobre meu pai. Quem eram eles ?

- Eu não sei como você sabe quem é meu pai, mas você não sabe nada sobre mim. Então mais uma vez obrigada por salvar minha vida, mas daqui para frente eu faço as minhas escolhas.

     Bati a porta do bar com força e entrei no meu carro. Vi quando eles sairam antes de alguma coisa explodir lá dentro. Eles tinham uma caminhonete grande e preta com os vidros fumês. Segui para o lado que indicava o motel no google. Encanto.

     Eu não tinha certeza, mas a sensação era de que não seria a última vez que eu ia vê-los. Eles seguiram para a direção contrária na estrada. Por mais escuro que fossem os vidros, eu tinha a impressão de ver os olhos claros de Benjamim em mim.


sábado, 9 de julho de 2011

Segundo Dia - Parte II - Series

    Eu ! - porque eu iria com eles, mas antes de qualquer reação minha. Ele me olhou diferente. Senti seus olhos me analisando e meu rosto ficou constrangido. Benjamim era o homem mais enigmático que eu já tinha visto, além de forte é claro.

- Você se machucou não foi ? - ele parecia calmo, mas eu ainda via o descontentamento dele.

    Coloquei a mão no rosto e senti novamente o sangue descendo pela lateral no meu corpo. O casado azul de Samuel estava ensopado de sangue. Ele moveu a mão para me tocar e eu reagi dando um passo para trás. Eu não fazia ideia de quem era ele.. então.

- Olha tudo bem. Tem muito sangue, mas eu estou bem. Só falta uma coisa e eu já vou embora - eu disse me movendo

    Ele deu um passo para trás e abriu caminho. Os homens estavam no chão alguns inconscientes e outros completamente apagados. Pareciam sem vida, mas o que estava com o meu papel, estava ali. Jogado sobre o balcão do bar.

     Gregório que estava na porta do bar, era assim que o bonitão o chamou, olhou para mim e fechou a porta do bar. Ele não parecia preocupado com o que seu amigo tinha falado e tão pouco comigo. Ele tinha um garrafão de gasolina nas mãos e começou a ensopar o lugar com o liquido. Benjamim ficou escorado na mesa me observando e eu não gostei dessa sensação.


      O caminhoneiro parecia não ter vida. Agora o observando de perto ele era branco como um papel e tinha a pele enrugada. Velha e inalava um cheiro ruim. Que nojo... mas era um cheiro conhecido... Por algum motivo eu não gostava das lembranças desse cheiro.


- Enxofre – ele disse e assim como Gregório começou a jogar um pó branco também pelo lugar, como ele viu que eu o observava, ele disse – Sal.

     Eu voltei meus olhos para o homem deitado e pensei duas vezes antes de colocar a mão e o virar para pegar o que era meu. Quando eu puxei a abertura do bolso com uma caneta, eu vi algo que eu nunca pensei que fosse ver.

     Mais rápido que eu pude reagir e que Benjamim pode chegar perto, o caminhoneiro segurou meu braço. Seu rosto estava deformado com pedaços da pele arrancados. Tinha sangue um sangue escuro escorrendo dos seus olhos vermelhos com as pupilas amarelas. Seus dentes mais pareciam uma serra do que dentes humanos. O halito era podre e eu gritava tentando soltar a mão dele do meu braço tentando impedi-lo de morder.

     Isso foi apenas por alguns segundos até Gregório disparar um tiro certeiro e o sangue preto dele sujar meu rosto e o de Benjamim que estava a apenas alguns centímetros vindo na minha direção.

      Senti meu corpo balançar e vi as marcas vermelhas no meu braço das mãos daquilo. Benjamim empurrou o corpo sem rosto para o chão e pegou o papel do bolso dele. Antes ele olhou para Gregório e fez um sinal de porque com as mãos. Como se ele pudesse ter resolvido isso.

- Era isso ? Bom, agora podemos ir ?

Por que ele achava que eu iria com eles ? Talvez, eu tinha lido sobre algumas coisas na agenda do meu pai e elas estavam acontecendo, quem quer que fossem eles poderiam me ajudar.

Eu não peguei o papel eu ainda tinha os olhos para aquela coisa que tinha tentando me atacar. Não era humano, era ? Eu não fiz a pergunta em voz alta, mas vi quando ele colocou o papel no bolso de trás da calça jeans e sentou do meu lado:

- Não, era um avatar. Uma das variações de …

- Eu não...

- Vamos sair daqui e um café vai ajudar – ele parecia ter me estendido a mão, mas eu ainda não estava disposta a aceitar a oferta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Series - Segundo dia 24:02

Segundo dia 24:02

"O maior erro que você pode cometer
É o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum."

william shakespeare

As palmas ecoavam pelo bar e eu tentava me mover para olhar o vulto, mas tinha muitos braços me segurando.
- Muito bom – o vulto riu secamente entre os dentes – quatro homens para segurar uma garota.
Então tudo ficou em silêncio e eu só escutava meus movimentos tentando me livrar para ver ele. O caminhoneiro da minha frente parecia incerto do que fazer e deu um passo para frente.
O vulto era um pouco menor que ele, mas eu não tinha a menor dúvida de que era mais forte. Usava apenas uma camisa branca aberta até o segundo botão. As mangas estavam arregaçadas até o antebraço e dava para ver claramente os músculos do braço, largos e torneados. Ele segurava um taco quebrado nas mãos e fez sinal para o caminhoneiro da minha frente ir na direção dele. Quando seu rosto estava sendo iluminado para claridade da luz do salão as luzes apagaram.
- Mais divertido – ele disse novamente entre os dentes.
Eu apenas estava tentando me soltar das mãos em volta dos meus braços e escutava os socos e alguém caindo entre as mesas. Quando as mãos em volta de mim diminuíram eu me virei e acertei alguém com a palma da mão aberta como Trevor tinha me ensinado. Senti meu corpo ser jogado contra o balcão do bar e alguma coisa atingiu meu rosto. Mas que porcaria … senti o sangue quente escorrer e a primeira coisa que passou em minha mente foi a agenda do meu pai que estava na mesa.
Tentava correr no escuro, mas eu cruzei com dois homens e ambos fecharam o meu caminho. Quando o primeiro deu um passo na minha direção, o vulto estava na minha frente. Eu ainda não podia ver seu rosto, vi seus cabelos claros que estavam iluminados pela claridade da noite. Era levemente comprido e bagunçado, parecia que ele tinha esquecido de cortar a alguns meses.
Ele deu um passo para trás e com uma das mãos fez um sinal.
- Não tem nada para você aqui, garota. Vai embora – ele ordenou
Quem ele pensa que é …
- Eu não vou a lugar nenhum sem minhas coisas e sem o papel que algum desses idiotas pegou …
Ele suspirou e disse alguma coisa baixo para si que eu não escutei. Mas parecia um palavrão. Eu vi as suas mãos se fecharem.
Como ele se manteve na minha frente eu corri pela lateral do bar e cheguei na mesa do fundo do bar. Joguei todas as coisas dentro da minha bolsa e coloquei a agenda dentro do casado azul que eu usava.
Eu escutei as batidas e mais alguns estouros quando a luz do salão acendeu e eu esbarrei nele. A primeira coisa que vi foram as botas estranhas que ele usava tipo caubói e um jeans surrado. Conforme meus olhos iam subindo eu percebi que foi nele que acertei o soco no rosto. Ele tinha sangue no nariz.
Seus olhos eram como safiras e pareciam que eu estava vendo um dia claro de verão. Tinham a cor do céu mais azul que eu já tinha visto. Ele não parecia feliz e deu um passo na minha direção arrancando a bolsa das minhas mãos.
- Ei ! - eu gritei e puxei a bolsa com força e com a outra mão dei um tapa na cara dele.
Seu rosto nem se mexeu e ele suspirou de novo e a bolsa já estava nas suas mãos. Ri para mim, se ele quisesse a agenda ela não estava lá. Mas fiquei sem reação, como uma idiota.
Ele abriu a bolsa e tirou minha carteira de dentro. Jogou tudo na mesa ao lado e ficou um tempo com minha carteira de motorista nas mãos. Por alguns segundos vi que ele parecia ter ficado surpreso e ao mesmo tempo pálido. Quem era ele ?
Eu estava o observando e tomei, tomamos, um susto quando a porta da frente abriu e um homem mais velho com cabelos brancos e de barba entrou no bar. O vulto, como eu ainda o chamo, imediatamente se posicionou na minha frente.
Mas seu corpo relaxou e jogou brutalmente a bolsa em mim. O homem na porta estava armado e me olhou curioso.
- Vamos Benjamim, precisamos ir, mais deles vão chegar. Você já salvou o dia, vamos, deixe a moça...
Ele riu para si ou para mim, eu ainda não consigo ler as expressões dele.
- Mudança de plano, Gregório, ela vai com a gente.
Eu !!
- Porque será que sinto cheiro de encrenca, BJ. - disse o Gregório.
BS

terça-feira, 5 de julho de 2011

Trilha ! Primeiro dia - Series

Música que tocava dentro do carro e no bar durante o episódio abaixo:
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Series - Primeiro Dia - Parte 02

   A viagem até a pequena cidade de Prateado era a primeira parada. No caminho eu entendia porque era a rota preferida dos casais apaixonados. Era uma estrada reta com uma grande vegetação ao longe. Numa determinada parte do caminho era tão grande a quantidade de galhos que criavam uma cobertura sobre a estrada. Parei o carro no acostamento e chequei o mapa. Deveria ter um hotel ou algum motel nesta estrada a alguns metros a frente. Mesmo em uma estrada eu ainda sentia a presença de alguma coisa me observando.
   Resolvi voltar para o carro e meu coração somente parou quando eu já estava dentro de um restaurante na beira da estrada. Tinha um som alto e alguns caminhoneiros estavam conversando em frente ao bar, quando percebi que não era bem um restaurante. Senti que todos mantiveram os olhos em mim até que eu me acomodei no canto. A mesa estava atrás de um dos pilares do salão e demorou até que o homem com uma aparência estranha me servisse um café.
   O café estava quente e eu senti um alivio quando a música terminou. Eu ainda escutava eles conversando, mas todos pareciam ter esquecido da minha presença. Por incrível que pareça, ainda levava minha bolsa com as mãos para proteger a agenda velha. Eu tinha comprado antes de sair de River um pequeno netbook onde eu poderia fazer as anotações e as pesquisas, tinha comigo também meu velho modem.
    A primeira parte da agenda do meu pai, tinha um ditado que eu sabia que era dele A vida não passa de um jogo, você apenas precisa saber as regras. Na mesma página tinha um cupom e uma caixinha de fósforos de um motel. Encanto era o nome, o mesmo nome do lugar que indicava no mapa e no Google a alguns kilometros a frente. Seria minha primeira parada.
    Por alguns minutos o café não parecia mais tão quente e uma leve brisa soprou sobre mim. Senti meus cabelos sobre o rosto e as folhas da agenda se abrindo como um leque. De dentro um pedaço de papel pardo com um desenho saiu voando.
    Parecia que o papel tinha vida, pois por mais que eu tentasse ele parecia fugir das minhas mãos e ele parou exatamente no meio da roda de caminhoneiros. O maior deles se afastou para que eu entrasse no circulo e pegou o papel no ar antes de mim.
- Obrigada – eu respondi sem o encarar segurando o papel e tentando puxar na minha direção, mas ele parecia decidido a não soltar.

- Uma bebida pelo papel, docinho – disse entre dentes e se colocou na minha frente com o papel acima de minha cabeça como se fosse estivesse brincando com um animal de estimação.
    Eu nunca fui uma garota dessas indefesas e incurtei a distância entre mim e o grandalhão.
- Você pode me devolver, eu não quero … - mas ele me cortou

- Isto ! Vamos apimentar as coisas meninos - ele indicou o som no canto para o barman e virando diretamente para mim, amassou o papel e o colocou no bolso da frente da calça de jeans.
Todos riram e eu não iria me intimidar por alguns caminhoneiros de beira de estrada e o encarei novamente:
- Não vou pedir mais, quero o papel agora
    Mas no momento que levantei a mão ele me segurou pelo mesmo pulso e colocou a outra mão na minha cintura.
- Uma dançinha primeiro …
    Mas antes dele girar eu já o tinha atingido com um soco no meio do rosto. Ele era muito grande, mas eu sabia exatamente o que estava fazendo e ele cambaleou. Todos ficaram em silêncio e eu tentei sair do circulo em minha volta.
   Quando eu achei que estava fora do circulo outro caminhoneiro maior ainda me segurou pelos dois braços e me girou para o que estava escorado no balcão com a mão no rosto. Senti a fúria dos seus olhos quando ele viu que tinha sangue no nariz.
   Trevor tinha me ensinado muito bem a me defender. Eu ri, mas tive a impressão que mais alguém riu.
    Quando vi que ele vinha na minha direção e eu não teria outra saida, mergulhei o pé com o salto da bota no pé do desgraçado que me segurava e com o cotovelo o acertei no queixo. Só que ele era muito grande e apenas moveu o rosto. Por alguns segundos eu tive medo de olhar para trás.
- Segurem ela ! – o caminhoneiro ordenou a mais três que estavam em minha volta, quando um som de madeira sendo quebrada ecoou do fundo do bar. Exatamente da mesma direção que eu estava.
Todos olharam tentando encontrar a origem do estouro quando alguém batia palmas ironicamente vindo em nossa direção.

BS