terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mercy - Parte 01

   No caminho para Fletcher eu me escorei na janela e senti meu corpo ficar gelado. Os arrepios pelo corpo foram ficando para trás junto com o som da voz de Dave e Gregório discutindo quantos eles tinham matado da última vez. A última coisa que me lembro foi de ver os olhos de Benjamim sobre mim pelo reflexo do espelho.

   Já era dia quanto uma mão suavemente colocou meu cabelo para trás da orelha e sussurrou meu nome. Era Dave e ele insistia em manter as mãos em mim. Tanto eu quanto Benjamim que nos observava parecia também não gostar.

   Fletcher era uma cidade pequena como Prateado. Quando sai do carro envolvi meus braços em minha volta para me proteger do frio. Era uma fria e gelada manhã e estávamos em frente a uma cafeteria. Gregório vinha com um jornal nas mãos e abriu ele sobre o capo do carro.

    Benjamim vinha de dentro da cafeteria com uma bandeja e depois de alcançar um copo de café para cada um deles me estendeu um também. Era tudo que eu precisava, algo quente e confortante. Um novo arrepio de frio fez meu corpo tremer e senti o gelado do sangue na minha perna. Droga ! - rapidamente desci mais um pouco o agasalho para que eles não vissem a mancha de sangue no jeans.

    Mas felizmente a atenção deles estava para uma manchete no jornal da cidade: DESAPARECIMENTO … este última era de uma garota de dezoito anos no bosque próximo a cidade. Quando Gregório abriu o mapa novamente eu vi diversos pontos vermelhos, os mesmos que eu via no mapa de Samuel e Trevor há muito tempo. Imediatamente vieram as imagens do mapa em minha mente.

- O que são estes pontos ?

    Minha pergunta chamou a atenção deles e Dave deu um passo na minha direção.

- Você não sabe ?

- Eu não perguntaria se soubesse, não acha ?

   Ele revirou os olhos de uma maneira debochada, mas foi Benjamim que respondeu:

- Todos os pontos são lugares onde encontramos ou foi visto algum tipo de demônio ou algo como o que vimos ontem a noite. Eles são as melhores pistas para descobrimos sobre o Livro. Se eles sabem de mais alguma coisa.

    Olhei com atenção para o mapa e eram muitos pontos vermelhos e a maioria dos últimos meses.

- Eles tem aparecido com mais frequência … - mas eu não terminei a frase. Eu sabia que as datas batiam a do morte de Samuel e ao parecimento do Livro do meu pai.

    Benjamim parecia ter me entendido e olhou para Dave:

- Bem, vamos ao que interessa. Você vai com Clara na biblioteca da cidade e da uma olhada nos obituários veja se tem alguma coisa diferente ou estranha. Vamos ao bosque ver o que encontramos certo ?

   Eu não entendia porque ele me mantinha tão próxima de Dave. Talvez ele tenha percebido o modo como eu o olhava e estava dando uma direta. Esta teoria já estava se concretizando enquanto eu caminhava ao lado de Dave pelo rua em direção ao prédio da Biblioteca quando senti um toque quente na minha mão.

   Ele a segurou pela pontas dos dedos e eu encontrei rapidamente os olhos claros de Benjamim:

- Use isto – ele tinha tirado o casado dele e estava me estendendo – e quando voltar vamos suturar esse corte certo ? - ele olhou para a mancha de sangue na minha perna.

    Benjamim não esperou eu responder entrou no carro e seguiu com Gregório. Ele nem olhou para trás. Hum ! - Ri levantando os olhos e senti o rosto quando percebi que Dave me observava.

    As ruas eram estreitas e o prédio da biblioteca era muito velho. Apesar do sol forte o frio era mais intenso e fechei o casaco até em cima e senti o cheiro dele. Mesmo com o pedido de silêncio na entrada da biblioteca Dave me pergunta:

- Então Clara qual sua história ?

   Formei uma linha reta com os lábios e o olhei nos olhos. Não eram tão claros quanto os de Benjamim, mas eram de um castanho claro quase transparente. Ele tinha um modo de falar que o deixado terrivelmente charmoso. Benjamim parecia gostar de viver com emoção.

- Nada de especial, quero a verdade sobre meu pai e minha família.

- Bem vida ao clube ! - ele falou e fez um movimento de nobre curvando os joelhos e uma mulher grisalha chamou a atenção dele brutamente. Ele riu daquele jeito encantador e a mulher lhe devolveu um sorrido aberto.

  Revirei o olhos ele era impossível. Sentei numa cadeira ao lado do computador para que ele pudesse me mostrar o que estava procurando. Eu era muito boa em computadores. Dave sentou rindo ainda para a bibliotecaria, mas logo desviou seus olhos para mim. Ele aproximou a sua cadeira da minha deixando sua perna escorar na minha. Engoli seco quando senti o calor do corpo dele perto do meu, ele era um homem charmoso e sabia disso.

    Eu recuei as pernas e ele antes que eu pudesse reagir novamente segurou minha perna machucada e a apoiou sobre o pé dele aproximando a minha cadeira mais da dele.

- Não queremos que as pessoas vejam sangue na sua perna ?

  Eu não disse nada, talvez porque pela primeira vez com Dave fiquei sem resposta. Certo! - pensei comigo e respirei fundo sem que ele percebesse.

- Você e Benjamim são irmãos ?

   Ele riu e fez um levantou as duas sombracelhas e o óculos ao mesmo tempo.

- Pará, eu e Ben, não! Sou muito mais bonito que ele. Não somos nem parecidos.

    Dave continuou rindo mais eu não e ele continuou:

- Não, Gregório me encontrou no hospital depois da morte da minha família. Ele era amigo do meu pai e me tirou de lá. Ao que tudo indica minha família estava com o Livro quando foram mortos.


- Eu sinto muito...


- Tudo bem... isso foi há muito tempo Clar – vi seus olhos castanhos verdadeiros pela primeira vez e gostei deles.


- E Ben …


- É melhor ele contar isto, ele não gosta de dividir as coisas dele, sabe ? - Dave colocou os óculos e começou a ver os obituários.

   Não era dessa vez que eu ia descobrir mais sobre Benjamim. Vi Dave olhando noticias antigas.

- Então como funciona ?

   Ele puxou minha cadeira para mais perto dele e ficamos mais próximos que antes.

- Veja – ele olhou para a tela – alguns obituários registram apenas fatos, estes são os interessantes. Eles não deixam ser fotografados.


- Mas como você sabe …


- Psiu ! Olha os fatos.

   Então eu pela primeira vez vi a verdade por trás das noticias. Os fatos estavam sempre escondidos entre outras noticias. Eram notas pequenas de falecimentos de pessoas sem muita importância ou pessoas de ruas.

   Olhei para Dave como uma criança que acaba de descobrir um segredo. Quando ele ia falar alguma coisa se aproximando do meu rosto seu telefone tocou

-  Adoro o timer do Benjamim … um minuto... - ele se levantou e sumiu entre as prateleiras de livros.

   Puxei a cadeira para mais perto do computador quando um nome dentre todos os obituários fez meu corpo ficar gelado e o sangue acelerar meu coração. Estava escrito Samuel Jack.

Samuel Jack !

   Todo o tempo em volta parecia ter ficado mais lento. Recuei a cadeira com o susto e vi quando a bibliotecária ainda seguia Dave com os olhos. Segui os dela até ele. Dave estava escorado em um dos pilares da entrada com o pé apoiado na parede enquando falava ao telefone. Ele parecia um garoto, porque com a outra mão brincava com um pequeno pedaço de papel.

Ele estava usando uma calça jeans escura e uma camiseta branca. Por cima um agasalho azul marinho aberto. Foi quando os olhos castanhos dele me encontraram. Mesmo me conhecendo a algumas horas ele estreitou os olhos sobre mim e virou o rosto.
   Tomei outro susto e voltei a olhar para a tela do computador.
   Era coincidencia, coincidencia … eu ficava repetindo dentro da cabeça várias vezes. Respirei fundo e digitei novamente no site de procura o nome do Samuel Jack. Nada, não retornou nada pelo buscador. Senti meu coração bater mais lento e a cor das minhas mãos voltarem do branco ao bege claro.

   Escutei de longe os passos rápidos de Dave no chão de madeira da sala e voltei meus olhos para a tela para voltar para a pagina anterior, quando o buscador trouxe um link na tela. Era uma imagem. Eu tinha pouco tempo antes dele ganhar a tela no seu campo de visão e apertei o botão imprimir.

     Quando as mãos dele tocaram a cadeira a tela já estava na mesma página de quando ele tinha saido. Escondi minhas mãos dentro do agasalho para que ele não percebesse que eu tremia.

- Encontrou alguma coisa ? - a voz dele estava mais suave que antes como se ele estivesse me estudando.

    Quando os olhos dele me encontraram novamente eu desviei, senti meu coração em pânico quando a bibliotecária colocou o papel que tinha impresso sobre o balcão.

- Eu já volto – falei e tentei mandar na direção das mesas perto do balcão quando ele me segurou pelo cotovelo.

O que esta acontecendo.

- Eu preciso de um minuto, certo ? - e senti meu rosto firme e tirei as mãos dele suavemente do meu braço.

   Mas ele abaixou a cabeça e tocou em mim novamente:

- Um minuto … - seus olhos escuros em tom de ameaça – Aqui não é seguro.
    Desvei das mesas em direção ao toalete quando o vi sentar novamente em frente ao computador. Sem que ele percebesse eu mudei a direção voltando ao balcão para buscar a imagem que eu precisava ver. Quando passei por um grupo de estudantes rindo o perdi de vista, mas tinha alcançado o balcão.

    Quando eu coloquei meus olhos sobre a foto impressa vi Samuel. Era ele mesmo sem sombra de dúvida. Aproximei meus olhos da foto e li em voz baixa:

- Equipe médica do Hospital de Fletcher.

     Um barulho de porta batendo chamou minha atenção para Dave, mas ele não estava mais lá. Caminhei com a foto nas mãos entre as mesas e outro barulho chamou minha atenção para a janela no corredor e andei dois passos na direção dela.

     Quando meu corpo entrou no corredor um vulto passou por mim e eu não vi mais nada.

domingo, 7 de agosto de 2011

Amanhã Episodio - Mercy (Anjo da Misericórdia)

"A curiosidade é mais importante que o conhecimento." Albert Einstein

Cenas no episodio Mercy abaixo:

* Clara sente os olhos de Ben nos dela,
* Gregório com o jornal aberto sobre o capô do carro,
* Dave caminhando com Clara,
* A foto de Samuel antiga ....
* Clara no bosque entrando na mata
* Corpo no chão
* Ben e Clara rosto no rosto
* Clara correndo, Dave rindo , Ben a estendendo um agasalho...

Musica do trailer: One Republic - Mercy

Narração da autora da cenas:

Quando você esta preso no passado e tentando encontrar o caminho certo, você ... pode mudar sua vida para sempre.

Você precisa acreditar ...

O tempo vai revelar ...

Apenas precisamos estar preparados para o futuro.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Livro - Series Nota Autora

Ei, saudades. Desculpa pelos dias sem postagens, mas estava reformulando uma maneira legal de contar esta história. Então será o seguinte:

Toda semana teremos um episodio, como grande fã de seriados, nada mais justo que fazer o meu, claro por que não ???

Teremos por semana um episodio dividido em três partes nas Segundas - Quartas e Sextas-Feiras.

Bom aproveitem o Episodio Piloto um pouco mais longo e aguardem a próxima postagem de Segunda.

Bem vindo as minhas aventuras !

AC

Series - Final do Piloto

    O homem da cafeteria estava lá com a doze engatilhada. Todos estavam voltados para mim, apenas o que estava na porta do quarto do motel se moveu na direção dele. Eu permaneci com os pés firmes do chão. Um deles com o rosto desfigurado me olhava entre os dentes. Mas a voz do homem com a doze quebrou seu olhar sobre mim e se voltou para ele:
 
 
- Não é atrás dela que vocês estão, deixem ela ir – exigiu ele. Ele era tao grande quanto Benjamim, mas ao mesmo tempo parecia ter menos peso nas costas. Estava rindo de mim por algum motivo que eu não entendia.

    Uma das criaturas uivou e o resto de roupa ainda do corpo dele rasgou. Dos seus pés surgiram patas e seus olhos ficaram vermelhos como o dos outros também. Com uma voz de cão, o mesmo que me olhava respondeu:

- Dave, você que esta onde não foi chamado …

    Ele falou e deu um passo na minha direção. Um tiro certeiro fez a criatura cambalear e cair no chão. De trás do prédio da cafeteria eu vi Benjamim vindo na minha direção. Mantive meus olhos neles e vi quando ele acertou outra criatura com a bainha da arma e o golpeou com os pés.
 
 
    Senti minhas mãos relaxadas com a presença dele, mas então meu campo de visão foi bloqueado. Sem que eu percebesse a criatura que estava no chão estava a poucos metros de mim.
 
 
   Todas as outras criaturas foram na direção dele e ele lutava contra vários. Vi seu corpo sendo jogado sobre o capô do meu carro a pouco metros de mim. A coisa na minha frente estava rindo, como se fosse possível imaginar um cão rindo, brincou de zigue-zague comigo como gato e rato, quando tentei correr. Ele sabia que eu era uma pressa fácil. Quando o toque nele ia ser inevitável Benjamim gritou:
 
 
- Dave ! - mas antes de escutar o grito ele já estava lá, atrás de mim. O tiro contra a criatura na minha frente me deixou surda por segundos e senti o cabelo dos meus ombros voar e vi a bala em câmera lenta passar por mim. Com o impacto do som da explosão perdi o equilíbrio, mas ele me pegou a tempo.
 
 
- Peguei - ele respondeu, não sei se para mim ou para Benjamim, mas uma das suas mãos estavam em volta da minha cintura e me mantinha firme contra seu corpo. Com a outra ele mantinha a arma em punho contra a criatura que pela segunda vez parecia-se recompor.
 
 
     Neste tempo perdi Gregório de vista, mas não Benjamim. Ele estava com o rosto vigoroso como se a melhor coisa do mundo fosse matar aquelas coisas. Seus olhos desviaram por alguns minutos e vi quando olhou para a mão de Dave em mim.


     Senti uma respiração no meu pescoço e vi os olhos longos de Dave sobre mim. A arma ainda em punho. Ele tinha uma beleza peculiar e ria. Dentes brancos e retos de um legitimo Dom Juan.

- Gracinha de vestido para matar alguns demônios.
 
 
     Eu não ri, nem tinha percebido o que eu estava vestindo. Uma sobre legue verde claro, as botas eram sempre as mesmas. Confortáveis e compridas até abaixo do joelho, mas eu estava sem a legue. E neste momento de descuido meu e dele algo nos atingiu. Senti o impacto forte contra o chão e a pele da coxa rasgar contra a brita.
 
 
    O homem em forma de criatura tinha novamente o rosto humano e eu reconheci imediatamente. Era o barman do bar da noite anterior. Ele tinha o pescoço do Dave em uma das mãos e com a outra tinha em especie de faca ou ferro pontiagudo. Eu não tinha dúvidas ele ia matá-lo.

     Eu tinha pouco tempo para agir e nos meus pés estava a doze de Dave. Eu nunca tinha engatilhado uma arma, ainda mais uma dessas, mas eu fiz. Sem pensar eu atirei e com o disparo eu fui arremessada no chão. Quando levantei a cabeça, vi Dave rindo livre da criatura. Eu o tinha acertado na cabeça em cheio, mas então ele me levantou com força.

- Enloqueceu ?! Poderia ter matado Dave – gritou Benjamim arrancando a arma da minha mão e jogando para Dave que se aproximava, ainda rindo. - E você mais cuidado. - ele se virou para Dave - Mais uma distração infantil dessas pode custar a vida.

   Benjamim não me perguntou nada, mas senti meu corpo ficar quente quando seus olhos percorreram meu corpo e ele viu o sangue escorrer da minha perna. Antes que ele fizesse algo Dave me segurou pelos braços e me levantou no ar. Ele ria como uma criança não sei de ter salvado sua vida ou do tiro que eu acertei, mas quando eu o olhei fixamente ele me colocou no chão.
 
 
- Você esta bem ? - ele permanecia com as mãos em mim e eu não gostava disso.

   Ele não demorou para perceber que eu mantinha os olhos em Benjamim e deu um passo para trás.

- Agora estamos quites – eu disse a Gregório que estava vindo na minha direção – Não se preocupe já estou indo embora – e me afastei deles. Benjamim parecia surpreso com minha reação. Eu também.

    Em minutos recolhi minhas coisas e coloquei numa mochila perto da porta. Entrei no banheiro para trocar de roupa quando senti o cheiro de fumaça. Para minha surpresa quando sai era meu carro em chamas.

    Minhas Coisas !!! - era o que eu tinha em mente, mas antes de chegar perto Benjamim me segurou pelo pulso.

- Eles podem rastrear pelo seu cheiro, somente assim você vai ficar segura - ele me estendeu uma calça jeans e um agasalho. Então eu vi, minhas coisas estavam queimando inclusive o moletom azul de Samuel.

    Minha primeira reação foi levantar a mão e o acertar novamente no meio do rosto, mas acredito que dessa vez ele iria revidar. Dave manteve os olhos em mim e Gregório em Benjamim.

   Soltei meu braço com força e fui na direção do carro em chamas. Mas ele me alcançou antes que eu sentisse o calor do fogo e me pegou pelo braço. Foi me arrastando até o quarto e eu gritei para que ele me soltasse.

    Dave veio em nossa direção, mas Benjamim endureceu o corpo e me colocou para dentro do quarto.

- Você – ele apontou para Dave – fique fora disso e olhou para Gregório – Não vou machucá-la.

    Eu estava acoada e recuei quando ele foi na minha direção. Bati com as pernas na cama e ele riu. Ele passou as mãos pelo cabelo e as manteve assim por alguns minutos.

- Eu sinto muito. - escutei como um sussurro, mas ele repetiu mais alto – Eu sinto muito. Acha que sou este tipo de cara que queima coisa de garotas – ele andava pelo quarto com as mãos na cabeça ainda – Não! - ele gritou

  Eu senti meu corpo tremer e sentei na cama, já que minhas pernas tinham ficado moles dessa vez.

- Conheci seu pai Clara e posso te fazer apenas uma pergunta para saber se você tem o mesmo caráter dele.

    O modo como ele falava o movimento dos lábios e a cova do lado esquerdo foram deixando minha visão destorcida eu sentia a ponta das mãos formigando. Mas quando ele falou do meu pai, algo dentro de mim despertou.

- Você trocaria a vida de qualquer um de nós por suas coisas materiais ?

    Tomei um susto com a pergunta dele e o olhei diretamente nos olhos e ele continuou:

- Eles podem nos localizar pelo cheiro das suas roupas, de alguma forma você tem algo que eles querem, eu não sei o que é, por isso...

     Ele não terminou de falar eu tinha entendido a pergunta e nenhuma vida válida nada que estava queimando no carro. As lembranças de Samuel eu tinha guardado comigo. Me levantei e peguei em cima da comoda as roupas que ele tinha me dado antes.

- Vou me trocar

     Ele não falou nada apenas me seguiu com os olhos até que eu fechei a porta do banheiro. Quando sai eu parecia muito menor do que era. As roupas eram enormes, mas eu não falei nada.

     Quando ele foi abrir a porta do quarto eu segurei sua mão. Quando ele sentiu meu toque seus olhos procuraram os meus rapidamente.

- Eu sei o que eles querem. Se você conheceu meu pai então você sabe sobre o livro de Ehd ? - eu tirei de dentro do agasalho que ele me deu o livro do meu pai e o entreguei.

     Ele colocou minhas mãos sobre o livro e sussurrou:

- Guarde isto Clara. Precisamos ir. Conversamos assim que estivermos seguros.

   Sai do quarto com ele. Senti uma leve pontada na minha perna que já estava molhando o jeans. Tinha sido um corte feio, mas eu não tive tempo de limpar. Entrei no carro ao lado de Dave e ele me estendeu a mão:

- Dave, gracinha ainda - ele ria e mesmo a noite desceu os óculos escuros para me olhar melhor.

- Clara – ri sem graça

     Gregório sentou na frente ao lado de Benjamim que regulou o espelho na minha
direção. Vi seus grandes olhos azuis sobre mim.

- Próxima parada – Gregório abriu um grande mapa, o mesmo que eu já tinha visto na casa de Samuel, assim como Trevor e meu pai, ele nunca me falava nada sobre seu trabalho, senti medo do que eu poderia descobrir sobre ele e um frio percorreu meu corpo – Flether - concluiu Gregório.