quinta-feira, 14 de julho de 2011

Terceiro Dia - Parte II

       A estrada ainda era a mesma, mas depois do retorno a vista tinha mudado. Devia ter algum lugar onde eles iam parar. Não tinha entrada para nenhuma cidade então eu tinha que estar no caminho cento. Na trilha deles.


      Perto das cinco da tarde antes do sol entrar completamente, encontrei um pequeno café na beira da estrada. Tinha pessoas, crianças e possivelmente um motel nos fundos. O carro deles não estava ali, mas eu precisava comer alguma coisa e tomar um banho.

      Me certifiquei que não tinha nada de estranho antes de entrar e percebi que tinha alguém me observando sentado no fundo da cafeteria. Meu coração bateu rápido pensando ser Benjamim, mas ele tinha o cabelo escuro. Estava com a xicara de café nas mãos e me olhava fixamente.

      Baixei os olhos e sentei numa das mesas perto da janela onde eu poderia ver o carro deles passar. Quando a garçonete veio me servir o café eu falei:

- Oi, tem um lugar para dormir aqui, certo ?

- Claro, moça. Aqui nos fundos. Você quer alguma coisa para comer ?

    Eu pedi nem sei o que, mas estava muito bom. Ou eu poderia estar com fome, so sei que quando terminei de comer já estava escuro de novo. Sentia ainda o desconforto da noite anterior e tudo que eu queria era um banho quente.

     Ele não estava mais lá, o homem dos fundos. Tinha os olhos verdes e quando me viu sorriu levemente. Tinha um rosto marcante, mas nada comparado ao de Benjamim. Eu nunca comparava ninguém a Samuel. Mas sem pensar vi a semelhança dele com o rapaz sentado no fundo da cafeteria. Eles se pareciam.


      Antes de entrar no quarto me certifiquei que não tinha nada de diferente e tranquei as portas. Para garantir coloquei uma cadeira entre a maçaneta para garantir.

     Foi um longo banho e senti falta do casado de Samuel.

      Trevor já devia estar desconfiado porque eu ainda não tinha ligado e pelas contas dele eu já teria chegado em Flecter.


- Trevor, oi.
- Clara, tudo bem ? Você já chegou ?
- Não, tive que fazer uma parada. Mas tudo bem Trevor. - eu menti e não gostava de mentir para ele. Mas se ele não me contou da agenda e sobre meu pai eu teria que descobrir sozinha.
- Quando você chega em Flecter ?
- Amanhã Trevor. Eu ligo quando chegar certo ?
- Clara.. - ele parecia estar respirando para falar.
- Oi, tudo bem ?
- Tudo, quando chegar me liga, precisamos conversar.

      Ele não esperou eu responder e desligou. Ele parecia querer falar. Mas eu não ia voltar. Era tarde demais.

      Foi uma noite longa, eu não conseguia dormir. Sonhava com Samuel e com aquela coisa tentando me matar. Acordei com um barulho do lado de fora do quarto. Eram passos e senti um arrepio de frio. Vesti a primeira coisa que vi e coloquei as botas.


- Tem alguém ai ? - gritei mas ninguém respondeu.

      Quando abri a porta, parecia idiota abrir, mas …, não tinha nada lá fora. Estava uma noite clara, mas meu carro estava com o porta mala aberto. Corri até ele, mas antes de chegar o ranger da madeira na porta do meu quarto me fez virar.

- Então nos encontramos de novo.


        Ele era, a mesma criatura que Gregório tinha acertado. Ele estava de novo com forma humana, mas com o mesmo aspecto nojento de antes. Os olhos eram os vermelhos e senti o cheiro forte de enxofre.

        Tentei ir na direção do carro, mas tinha mais deles. Todos em minha volta. Mas antes que alguém pudesse falar alguma coisa o barulho de uma arma sendo engatilhada chamou minha atenção.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Terceiro Dia - Series

"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."
 

     Acordei dentro do carro com o sol no meu rosto. Eu não tinha forças para andar mais e a estrada não parecia ter fim na noite. Entrei num pequeno acostamento entre a vegetação e ali dormi por algumas horas.

     Como a estrada estava longe troquei de roupa dentro do carro e finalmente eu estava livre do cheiro de enxofre da noite anterior. Coloquei as roupas sujas no porta mala e limpei o ferimento acima do ombro esquerdo. Tinha ficado com as marcas das mãos de Benjamim e bem no inicio do antebraço tinha a marca vermelha da mão daquela coisa.

     Pensei nas palavras de Benjamim que era um avatar, uma variação … devia ter alguma coisa na agenda do meu pai. Voltei para dentro do carro e folhei rapidamente tentando encontrar alguma coisa, quando um desenho velho dele chamou minha atenção. Era a coisa que tinha me atacado, no lado tinha um nome. “Azucrim”.

Demônio entidade diabólica, molestia. Tinha a missão de recolher o maior número de almas para o inferno. Após possuir uma pessoa esta passaria a viver apenas nas sombras durante o dia. A noite tomavam forma humana para caçar e aumentar seu exercito. Pessoas de alma puras eram transformadas em alimento. Balas de prata, gasolina e sal podiam mata-los. Confundido com o mito do Lobo, pois sua forma de fera era muito semelhante, mas diferente do mito, eles não transformar humanos neles, eles tomam a alma.

    Gasolina ? Era o que Gregório e Benjamim tinham usado. Então abaixo das anotações no rodapé da mesma página tinha:

      Conheci hoje Gregório. Bom homem.

      Eu não tinha lido quase nada da agenda até porque eu nunca tinha visto ela até dois dias atrás. Assim que sai do hospital fui até a casa de Samuel e procurei pelos destroços a pequena caixa azul que ele tinha me tido. Lá dentro tinha uma chave e uma senha. No cofre, na rodoviária estava a agenda e o um saquinho azul que eu ainda não tive coragem de abrir.

     Ainda lembro das últimas palavras de Samuel: Fiz tudo errado, Clara... Porque que ele tinha tido isso  ?

     Até hoje eu não sei como ele conhecia meu pai, mas por este motivo eu tinha me mantido viva este tempo todo. Mesmo depois de ver Samuel ser jogado pelo quarto por alguma coisa e ser cortado no ar. Eu ? Fechei os olhos para apagar as lembranças. Parecia que ele sabia o que estava acontecendo. Tinha sangue por todo lado e quando coloquei a mão na porta ela abriu como uma explosão e eu apaguei. Acordei no hospital dois dias depois.

     Não fui ao enterro de Samuel. Nem tinha ido visitar sua sepultura. Eu o tinha amado muito e tinha acabado.

     Entrei no carro e fiz o retorno na estrada. Se este Gregório conhecia meu pai, ele poderia me ajudar. Eu precisava conversar com ele. Encanto não era mais meu destino.


Nota da Autora - Trilha Series

Aproveitem pois a música abaixo e a letra dizem muito do enredo de Series.

Pode-se dizer que a música começa a tocar quando mesmo entre vidros escuros Clara e Benjamim trocam olhares.

domingo, 10 de julho de 2011

Series - Final do Segundo Dia

   Fiquei sentada no degrau entre o bar e o salão até que o barulho das madeiras estralando no fogo e o cheiro da fumaça começaram a me incomodar. Gregório tinha amontoado todos os corpos no centro do salão, incluvise o que tinha me atacado e parecia uma grande fogueira.

    Benjamim tinha saido duas vezes do bar e na última vez ele trouxe uma camisa escura e colocou perto de mim. Eu não tinha entendido para que era até que Gregório sentou ao meu lado.

- Precisamos sair daqui, Clara, certo ? Este é seu nome ?

    Eu apenas fiz sinal com a cabeça e vi que Benjamim nos observava de longe.

- Pode parecer estranho na primeira vez, mas depois de um tempo você acaba esquecendo, certo ? Pense que não passou de um pesadelo.

    Gregório parecia gentil diferente do homem que eu tinha visto na porta do bar e o mesmo que arrastava corpos como se estivesse amontoando roupa suja ou lixo. Ainda estava gelada e ainda sentia o cheiro horrivel de enxofre em mim.

- Você precisa tirar este casaco sujo de sangue. Coloque isso, esta limpo. - disse Benjamim se aproximando de mim e de Gregório – ele colocou a camisa sobre mim.

     Minha carteira de motorista estava sobre o meu colo e quando tirei o casaco de Samuel ela caiu nos pés de Gregório. Ele segurou por alguns minutos e assim como Bj ele também parecia surpreso.

- Você é prima ou alguma coisa de Trevor Scott ?


   O nome do meu irmão soou diferente para mim. Ninguém nunca tinha me perguntado o nome dele dessa forma. Tão formal.

- Trevor, não ele é meu irmão.

    Eu ia perguntar de onde ele o conhecia, quando vi que minha resposta tinha criado um clima estranho entre eles. Benjamim se aproximou de mim e eu me levantei, reagindo a sua aproximação. Gregório também ficou me observando, mas foi Benjamim que me perguntou:

- Irmã ? Trevor não tem irmã. Quem é você ?

    Ele parecia irritado como se eu tivesse dito alguma coisa errada e como me mantive em silêncio ele me pegou pelos braços. Benjamim era muito mais alto e não senti meus pés no chão, só quando minhas costas bateram no bar.

- Quem é você ?! - ele gritou entre os dentes.

    Eu estava com medo. Não sabia quem eram aquelas pessoas e tinha sido atacada por alguma coisa que eu ainda não sabia o nome. Me senti acoada como um animal encurralado. Ele me sacudia para responder a sua pergunta, quando a agenda do meu pai caiu do chão. Nos pés dele.

    Gregório pegou a agenda e gritou:

- Benjamim, chega !

    Ele me soltou e viu que eu tinha lágrima nos olhos. Eu não tinha vestido a camisa que ele tinha me dado e voltou a sangrar da lateral do meu corpo. Me abraçei para amenizar a dor e o frio.

- Como você conseguiu isto ? Não vamos machucar você – ele olhou para Benjamim sério – eu prometo. Mas onde conseguiu esta agenda ?

    Antes de responder eu limpei meu rosto com a parte de fora da mão e limpei as lágrimas que insistiam em cair.

- Era do meu pai. Ele deixou para mim.

- Pai ? - ele olhou novamente para Benjamim

- Jim Scott.

    Gregório estendeu a agenda e a entregou a mim. Eu a peguei rapidamente e quando vi que ambos estavam sem reação, eu sabia que era a hora de sair. Peguei o casaco de Samuel e fui na direção da porta. Eles não me seguiram, mas ele ainda tinha algo que era meu. E me virei para eles:

- Eu não sei quem são vocês, mas obviamente salvaram minha vida. Obrigada. Mas você ainda tem algo que é meu e eu o quero agora.

    Benjamim olhou para Gregório que fez um sinal com a cabeça e ele tirou o papel amassado do bolso e colocou na mesa que ainda não estava em chamas na sua frente.

     Peguei o papel e o olhei por alguns segundos. Ele não parecia arrependido do que tinha feito, mas também não estava satisfeito com a minha reação. Andei em direção a porta até Gregório quebrar o silêncio.

- Clara, seu pai, por algum motivo a manteve longe de tudo. Vá para casa, seu irmão deve estar preocupado com você.

    Ele não sabia nada sobre mim, mas como sabia sobre meu pai. Quem eram eles ?

- Eu não sei como você sabe quem é meu pai, mas você não sabe nada sobre mim. Então mais uma vez obrigada por salvar minha vida, mas daqui para frente eu faço as minhas escolhas.

     Bati a porta do bar com força e entrei no meu carro. Vi quando eles sairam antes de alguma coisa explodir lá dentro. Eles tinham uma caminhonete grande e preta com os vidros fumês. Segui para o lado que indicava o motel no google. Encanto.

     Eu não tinha certeza, mas a sensação era de que não seria a última vez que eu ia vê-los. Eles seguiram para a direção contrária na estrada. Por mais escuro que fossem os vidros, eu tinha a impressão de ver os olhos claros de Benjamim em mim.


sábado, 9 de julho de 2011

Segundo Dia - Parte II - Series

    Eu ! - porque eu iria com eles, mas antes de qualquer reação minha. Ele me olhou diferente. Senti seus olhos me analisando e meu rosto ficou constrangido. Benjamim era o homem mais enigmático que eu já tinha visto, além de forte é claro.

- Você se machucou não foi ? - ele parecia calmo, mas eu ainda via o descontentamento dele.

    Coloquei a mão no rosto e senti novamente o sangue descendo pela lateral no meu corpo. O casado azul de Samuel estava ensopado de sangue. Ele moveu a mão para me tocar e eu reagi dando um passo para trás. Eu não fazia ideia de quem era ele.. então.

- Olha tudo bem. Tem muito sangue, mas eu estou bem. Só falta uma coisa e eu já vou embora - eu disse me movendo

    Ele deu um passo para trás e abriu caminho. Os homens estavam no chão alguns inconscientes e outros completamente apagados. Pareciam sem vida, mas o que estava com o meu papel, estava ali. Jogado sobre o balcão do bar.

     Gregório que estava na porta do bar, era assim que o bonitão o chamou, olhou para mim e fechou a porta do bar. Ele não parecia preocupado com o que seu amigo tinha falado e tão pouco comigo. Ele tinha um garrafão de gasolina nas mãos e começou a ensopar o lugar com o liquido. Benjamim ficou escorado na mesa me observando e eu não gostei dessa sensação.


      O caminhoneiro parecia não ter vida. Agora o observando de perto ele era branco como um papel e tinha a pele enrugada. Velha e inalava um cheiro ruim. Que nojo... mas era um cheiro conhecido... Por algum motivo eu não gostava das lembranças desse cheiro.


- Enxofre – ele disse e assim como Gregório começou a jogar um pó branco também pelo lugar, como ele viu que eu o observava, ele disse – Sal.

     Eu voltei meus olhos para o homem deitado e pensei duas vezes antes de colocar a mão e o virar para pegar o que era meu. Quando eu puxei a abertura do bolso com uma caneta, eu vi algo que eu nunca pensei que fosse ver.

     Mais rápido que eu pude reagir e que Benjamim pode chegar perto, o caminhoneiro segurou meu braço. Seu rosto estava deformado com pedaços da pele arrancados. Tinha sangue um sangue escuro escorrendo dos seus olhos vermelhos com as pupilas amarelas. Seus dentes mais pareciam uma serra do que dentes humanos. O halito era podre e eu gritava tentando soltar a mão dele do meu braço tentando impedi-lo de morder.

     Isso foi apenas por alguns segundos até Gregório disparar um tiro certeiro e o sangue preto dele sujar meu rosto e o de Benjamim que estava a apenas alguns centímetros vindo na minha direção.

      Senti meu corpo balançar e vi as marcas vermelhas no meu braço das mãos daquilo. Benjamim empurrou o corpo sem rosto para o chão e pegou o papel do bolso dele. Antes ele olhou para Gregório e fez um sinal de porque com as mãos. Como se ele pudesse ter resolvido isso.

- Era isso ? Bom, agora podemos ir ?

Por que ele achava que eu iria com eles ? Talvez, eu tinha lido sobre algumas coisas na agenda do meu pai e elas estavam acontecendo, quem quer que fossem eles poderiam me ajudar.

Eu não peguei o papel eu ainda tinha os olhos para aquela coisa que tinha tentando me atacar. Não era humano, era ? Eu não fiz a pergunta em voz alta, mas vi quando ele colocou o papel no bolso de trás da calça jeans e sentou do meu lado:

- Não, era um avatar. Uma das variações de …

- Eu não...

- Vamos sair daqui e um café vai ajudar – ele parecia ter me estendido a mão, mas eu ainda não estava disposta a aceitar a oferta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Series - Segundo dia 24:02

Segundo dia 24:02

"O maior erro que você pode cometer
É o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum."

william shakespeare

As palmas ecoavam pelo bar e eu tentava me mover para olhar o vulto, mas tinha muitos braços me segurando.
- Muito bom – o vulto riu secamente entre os dentes – quatro homens para segurar uma garota.
Então tudo ficou em silêncio e eu só escutava meus movimentos tentando me livrar para ver ele. O caminhoneiro da minha frente parecia incerto do que fazer e deu um passo para frente.
O vulto era um pouco menor que ele, mas eu não tinha a menor dúvida de que era mais forte. Usava apenas uma camisa branca aberta até o segundo botão. As mangas estavam arregaçadas até o antebraço e dava para ver claramente os músculos do braço, largos e torneados. Ele segurava um taco quebrado nas mãos e fez sinal para o caminhoneiro da minha frente ir na direção dele. Quando seu rosto estava sendo iluminado para claridade da luz do salão as luzes apagaram.
- Mais divertido – ele disse novamente entre os dentes.
Eu apenas estava tentando me soltar das mãos em volta dos meus braços e escutava os socos e alguém caindo entre as mesas. Quando as mãos em volta de mim diminuíram eu me virei e acertei alguém com a palma da mão aberta como Trevor tinha me ensinado. Senti meu corpo ser jogado contra o balcão do bar e alguma coisa atingiu meu rosto. Mas que porcaria … senti o sangue quente escorrer e a primeira coisa que passou em minha mente foi a agenda do meu pai que estava na mesa.
Tentava correr no escuro, mas eu cruzei com dois homens e ambos fecharam o meu caminho. Quando o primeiro deu um passo na minha direção, o vulto estava na minha frente. Eu ainda não podia ver seu rosto, vi seus cabelos claros que estavam iluminados pela claridade da noite. Era levemente comprido e bagunçado, parecia que ele tinha esquecido de cortar a alguns meses.
Ele deu um passo para trás e com uma das mãos fez um sinal.
- Não tem nada para você aqui, garota. Vai embora – ele ordenou
Quem ele pensa que é …
- Eu não vou a lugar nenhum sem minhas coisas e sem o papel que algum desses idiotas pegou …
Ele suspirou e disse alguma coisa baixo para si que eu não escutei. Mas parecia um palavrão. Eu vi as suas mãos se fecharem.
Como ele se manteve na minha frente eu corri pela lateral do bar e cheguei na mesa do fundo do bar. Joguei todas as coisas dentro da minha bolsa e coloquei a agenda dentro do casado azul que eu usava.
Eu escutei as batidas e mais alguns estouros quando a luz do salão acendeu e eu esbarrei nele. A primeira coisa que vi foram as botas estranhas que ele usava tipo caubói e um jeans surrado. Conforme meus olhos iam subindo eu percebi que foi nele que acertei o soco no rosto. Ele tinha sangue no nariz.
Seus olhos eram como safiras e pareciam que eu estava vendo um dia claro de verão. Tinham a cor do céu mais azul que eu já tinha visto. Ele não parecia feliz e deu um passo na minha direção arrancando a bolsa das minhas mãos.
- Ei ! - eu gritei e puxei a bolsa com força e com a outra mão dei um tapa na cara dele.
Seu rosto nem se mexeu e ele suspirou de novo e a bolsa já estava nas suas mãos. Ri para mim, se ele quisesse a agenda ela não estava lá. Mas fiquei sem reação, como uma idiota.
Ele abriu a bolsa e tirou minha carteira de dentro. Jogou tudo na mesa ao lado e ficou um tempo com minha carteira de motorista nas mãos. Por alguns segundos vi que ele parecia ter ficado surpreso e ao mesmo tempo pálido. Quem era ele ?
Eu estava o observando e tomei, tomamos, um susto quando a porta da frente abriu e um homem mais velho com cabelos brancos e de barba entrou no bar. O vulto, como eu ainda o chamo, imediatamente se posicionou na minha frente.
Mas seu corpo relaxou e jogou brutalmente a bolsa em mim. O homem na porta estava armado e me olhou curioso.
- Vamos Benjamim, precisamos ir, mais deles vão chegar. Você já salvou o dia, vamos, deixe a moça...
Ele riu para si ou para mim, eu ainda não consigo ler as expressões dele.
- Mudança de plano, Gregório, ela vai com a gente.
Eu !!
- Porque será que sinto cheiro de encrenca, BJ. - disse o Gregório.
BS

terça-feira, 5 de julho de 2011

Trilha ! Primeiro dia - Series

Música que tocava dentro do carro e no bar durante o episódio abaixo:
Curta !

Series - Primeiro Dia - Parte 02

   A viagem até a pequena cidade de Prateado era a primeira parada. No caminho eu entendia porque era a rota preferida dos casais apaixonados. Era uma estrada reta com uma grande vegetação ao longe. Numa determinada parte do caminho era tão grande a quantidade de galhos que criavam uma cobertura sobre a estrada. Parei o carro no acostamento e chequei o mapa. Deveria ter um hotel ou algum motel nesta estrada a alguns metros a frente. Mesmo em uma estrada eu ainda sentia a presença de alguma coisa me observando.
   Resolvi voltar para o carro e meu coração somente parou quando eu já estava dentro de um restaurante na beira da estrada. Tinha um som alto e alguns caminhoneiros estavam conversando em frente ao bar, quando percebi que não era bem um restaurante. Senti que todos mantiveram os olhos em mim até que eu me acomodei no canto. A mesa estava atrás de um dos pilares do salão e demorou até que o homem com uma aparência estranha me servisse um café.
   O café estava quente e eu senti um alivio quando a música terminou. Eu ainda escutava eles conversando, mas todos pareciam ter esquecido da minha presença. Por incrível que pareça, ainda levava minha bolsa com as mãos para proteger a agenda velha. Eu tinha comprado antes de sair de River um pequeno netbook onde eu poderia fazer as anotações e as pesquisas, tinha comigo também meu velho modem.
    A primeira parte da agenda do meu pai, tinha um ditado que eu sabia que era dele A vida não passa de um jogo, você apenas precisa saber as regras. Na mesma página tinha um cupom e uma caixinha de fósforos de um motel. Encanto era o nome, o mesmo nome do lugar que indicava no mapa e no Google a alguns kilometros a frente. Seria minha primeira parada.
    Por alguns minutos o café não parecia mais tão quente e uma leve brisa soprou sobre mim. Senti meus cabelos sobre o rosto e as folhas da agenda se abrindo como um leque. De dentro um pedaço de papel pardo com um desenho saiu voando.
    Parecia que o papel tinha vida, pois por mais que eu tentasse ele parecia fugir das minhas mãos e ele parou exatamente no meio da roda de caminhoneiros. O maior deles se afastou para que eu entrasse no circulo e pegou o papel no ar antes de mim.
- Obrigada – eu respondi sem o encarar segurando o papel e tentando puxar na minha direção, mas ele parecia decidido a não soltar.

- Uma bebida pelo papel, docinho – disse entre dentes e se colocou na minha frente com o papel acima de minha cabeça como se fosse estivesse brincando com um animal de estimação.
    Eu nunca fui uma garota dessas indefesas e incurtei a distância entre mim e o grandalhão.
- Você pode me devolver, eu não quero … - mas ele me cortou

- Isto ! Vamos apimentar as coisas meninos - ele indicou o som no canto para o barman e virando diretamente para mim, amassou o papel e o colocou no bolso da frente da calça de jeans.
Todos riram e eu não iria me intimidar por alguns caminhoneiros de beira de estrada e o encarei novamente:
- Não vou pedir mais, quero o papel agora
    Mas no momento que levantei a mão ele me segurou pelo mesmo pulso e colocou a outra mão na minha cintura.
- Uma dançinha primeiro …
    Mas antes dele girar eu já o tinha atingido com um soco no meio do rosto. Ele era muito grande, mas eu sabia exatamente o que estava fazendo e ele cambaleou. Todos ficaram em silêncio e eu tentei sair do circulo em minha volta.
   Quando eu achei que estava fora do circulo outro caminhoneiro maior ainda me segurou pelos dois braços e me girou para o que estava escorado no balcão com a mão no rosto. Senti a fúria dos seus olhos quando ele viu que tinha sangue no nariz.
   Trevor tinha me ensinado muito bem a me defender. Eu ri, mas tive a impressão que mais alguém riu.
    Quando vi que ele vinha na minha direção e eu não teria outra saida, mergulhei o pé com o salto da bota no pé do desgraçado que me segurava e com o cotovelo o acertei no queixo. Só que ele era muito grande e apenas moveu o rosto. Por alguns segundos eu tive medo de olhar para trás.
- Segurem ela ! – o caminhoneiro ordenou a mais três que estavam em minha volta, quando um som de madeira sendo quebrada ecoou do fundo do bar. Exatamente da mesma direção que eu estava.
Todos olharam tentando encontrar a origem do estouro quando alguém batia palmas ironicamente vindo em nossa direção.

BS



LANÇAMENTO OFICIAL - SERIES

Bem vindo ao meu mais novo livro - Curta esta história.

Clara presencia a morte do pai e do primeiro amor da sua vida. E ela tem certeza que eles foram mortos pela mesma pessoa ou por alguma coisa. Isto ainda esta lá fora, ela pode sentir a presença.

E ela não tem medo....

Venha hoje a noite tem novo capitulo.

Beatrice Sanvitto - BS

Series - Parte 1

Primeiro dia


O sonho é a melhor parte da realidade.


      Clara grita meu irmão ao subir as escadas até meu quarto. Antes dele entrar, coloco na minha bolsa a antiga agenda de anotações do nosso pai. Trevor abre a porta e senta ao meu lado, seguro a bolsa sobre as pernas para que ele não veja o volume dela. Com lágrimas nos olhos eu ainda não tinha superado os últimos acontecimentos e Trevor coloca os braços sobre meus ombros e me abraça. Ficamos assim por alguns minutos. Ele tem o mesmo cheiro da nossa infância e ficar por mais tempo nesta cidade ia acabar comigo. Eu o afasto com as duas mãos e levanto ainda mantendo a bolsa pressa ao meu corpo.
- Preciso ir Trevor.
Ele levanta e concorda com a cabeça. Por alguns segundos ele me examina com seus grandes olhos negros e sinto meu rosto ficar quente. Ele sabe que eu estou com a agenda.- penso sentindo meu coração acelerar. Mas então vejo que Trevor estava olhando minhas cicatrizes e os hematomas ainda evidentes.
- Trevor – eu coloco a mão sobre o braço dele e aperto levemente – vou ficar bem - eu estava sendo sincera. Eu realmente achava que saindo da cidade e morando longe de tudo, eu ia ficar melhor.

- Eu só acho que eu poderia … - ele tirou minha mão e pegou minhas malas na cama e foi em direção a porta.

- Eu sei, cuidar de mim, mas você sabe que eu vou ficar bem.

Ele não disse mais nada. Seguiu comigo até o carro e colocou as malas no banco de trás. Prometi a ele que ia voltar nas minhas férias de verão, mas ele não respondeu. Trevor sabia que eu não tinha a intenção de voltar.

Pedi para ele entrar e o vi na porta da nossa antiga casa. A lareira estava acessa e eu via a fumaça saindo pela chaminé. Quando fechei os olhos senti o cheiro da neve e a sensação boa do gelo no rosto. Nos despedidos com uma simples acesso com a cabeça e eu estava pronto para uma nova vida.

No banco do caroneiro tinha uma chave e um agasalho azul escuro que era muito grande para mim. Mas eu não ia a lugar nenhum sem ele. Era como se ele ainda estivesse rindo ao meu lado, me conduzindo nas ruas. As vezes eu ainda escutava sua risada.

As ruas estavam vazias e o inicio do inverno parecia ter chegado mais forte no sul do estado este ano. Ainda era Junho, mas o termômetro marcava -1ºC. Liguei o aquecedor do carro e parei no acostamento. Eu estava a algumas quadras da casa de Samuel. As luzes estavam apagadas e a imobiliária já tinha colocado uma enorme placa de Vende-se no jardim.

Vesti o casado dele e com a chave nas mãos fui até a varanda. O balanço estava lá e ainda tinha escondido atrás do grande vaso da entrada e nossa manta. Eu não ia entrar sabia que não tinha mais nada lá dentro e deixei a chave em baixo do tapete.

Por alguns minutos eu ainda olhava o balanço que com o vento parecia se mover lentamente. Um arrepio passou pelo corpo e eu sabia que estava sendo observada. Alguma coisa ainda estava lá fora, mas já não tinha mais medo.

Isso é o que acontece com as pessoas que não tem mais nada a perder. E agora depois de tudo eu não tinha. A única coisa na minha mente enquanto ia em direção ao interior do estado era descobrir a verdade. Sobre mim e sobre a morte de Samuel e o desaparecimento do meu pai. Mesmo com uma diferença de mais de dez anos eu sabia, foi a mesma pessoa.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Series - Livro Novo

Series - Inicia amanhã. Uma nova aventura com novos personagens e um novo contexto.

Depois de uma fase de renovação e de adaptação a minha nova rotina, porque atrás da BS existe uma pessoa de carne e osso, voltei com muita vontade de escrever. 

Então conto com vocês para acompanhar e dar sua opinião sobre este novo livro.

Abraços,
Escritora On-Line 

Come Home - Finale

Beatrice era apenas uma reporter especializada em fotografia e depois de conhecer Murilo e Miguel sua vida tomou novos rumos. Descobriu ter habilidades especiais e seu grande amor. Mas como consequencias das suas escolhas os caminhos trilhados não foram facéis.  No entanto, uma pequena promessa de Joaquim ao seu pai, faria que todos tivessem uma nov chance:

Segue agora o final de Mundo Paralelo:

Beatrice ainda corria pelo corredor quando seus pés travaram ao ouvir o som da porta dos fundos sendo aberta. Joaquim estava mais atrás quando seus olhos viram Oliver entrar com Valentina.

Miguel tentou colocar Beatrice para trás mas ela não se moveu. Ela tinha os olhos nele e em mais nada. Estava cansada de fugir, de correr e de desistir.

Joaquim caminhou entre todos e segurou a mão de Beatrice

- Quando seu pai estava morrendo me fez prometer que não deixaria você se transformar em John. Não sei se é a escolha certa, mas esta é a minha decisão.

Antes que os olhos de Beatrice visse algo brilhar e todos correrem na direção de Joaquim tudo ficou escuro....

Beatrice parecia que tinha acordado de um sonho, não de um pesadelo. Sentia seu corpo dolorido e não conseguia saber onde estava. Demorou um tempo para perceber que estava na sua casa. Em casa.
As últimas lembranças que tinha era de uma grande explosão e tinha um rosto que se ela fechasse os olhos, poderia desenhar. Ele tinha os cabelos claros com mechas mais claras nas pontas como quem fica muito tempo no sol. Tinha o rosto forte mas ao mesmo tempo um sorriso delicado.
Sabia que tinha sonhado com alguma coisa em acordar em um hospital e o homem que tinha em mente estava usando um terno preto e por algum motivo as lembranças com ele lhe dava uma sensação de perda. Mas não tinha certeza do por que.
Joaquim já tinha saido do prédio e tinha feito exatamente o que havia prometido a Oliver. Agora Beatrice estava segura, mas ele tinha feito mais. Daria a todos uma nova chance. Além de ter voltado para o dia que Beatrice conhecia Murilo, ele tinha voltado o tempo para Oliver. Mas as coisas seriam diferentes, Oliver estava agora na mesma dimensão dela. Assim como Valentina.
Beatrice saiu de casa e resolveu ir caminhado pelo centro de Porto Alegre até o jornal. Tinha sido uma noite longa e ela sentia saudade do cheiro da cidade. Caia uma pequena garoa e as ruas estavam cheias de sombrinhas. Vestindo uma jaqueta preta e um jeans claro com suas velhas botas, Bea se protegia da chuva com um capuz.
Quando chegou no jornal viu pela fresta da porta de vidro o elevador velho trancado e correu na direção do elevador de serviço que parecia vazio. Quando seu corpo bateu em alguma coisa grande e a porta do elevador fechou, Beatrice fechou os olhos. Mas que merd...
Mas antes de atingir o chão, ela parecia segura novamente e em pé. Com as mãos em volta dos seus braços e com os olhos mais claros que ela já tinha visto:
- Hei, você esta bem ?
Beatrice abriu os olhos e sentiu a pele do rosto ficar vermelha. Antes de responder suas sombrancelhas formaram uma interrogação que ele achou engraçado, porque uma linha reta nos lábios dele se formou.
- Tudo, desculpa … eu
- Eu sei fugindo da chuva, não ?
- Na verdade da escada...
Ambos riram e suas mãos se tocaram quando foram apertar o mesmo andar. Ele gentimente fez um gesto e ela então apertou o décimo andar.
- Você trabalha aqui ? - ele quebrou o silêncio de segundos que o elevador fez do primeiro ao quinto andar.
- Sim, desculpa me chama Beatrice. Trabalho na sessão criminal.
Ele estendeu a mão e ambos se tocaram novamente
- Certo, me chamo Miguel. Fui transferido de São Paulo. Cheguei hoje, então você é a primeira pessoa que conheço.
- Bem vindo.
Quando a porta do elevador abriu, ambos desceram e seguiram até a sala do editor. Beatrice evitou qualquer contato visual, pois ainda sentia a pele do rosto quente. Tinha medo que ele pudesse perceber.
A sala estava aberta e quando ambos entraram perceberam que estava vazia. Quando Beatrice virou para sair, quando um vulto na sua frente a fez recuar.
Em pé na sua frente, estava ele. Ela exatamente como ela pensado. Loiro com olhos castanhos e como uma sensação de dejavu, tudo ficou lento.
Ele deu um passo na direção de Beatrice e respirou enquanto procurava os olhos negros dela.
- Me procurando ? - foi o que ele perguntou, mas Beatrice parecia conhecer a voz. Miguel tossiu e o barulho a acordou.

- Na verdade estou procurando John …

- Não, John não trabalha mais aqui. - Ele passou por ela e escorrou na mesa ainda com os olhos nos dela. Antes de falar novamente ele respirou e agora parecia aliviado. - Vou substituir John por um tempo.
Quando ele tirou a mão do bolso de trás da calça e a estendeu para Beatrice com um sorriso reto e suas mãos se tocaram, ele falou:
- Me chamo Oliver, mas você pode me chamar de Ollie.
Beatrice riu. Ela sabia que não tinha sido um sonho e que finalmente eles tinham conseguido. Sem exitar, sem respirar ela sorriu e antes de perceber Oliver já a tinha nos braços.
Miguel saiu da sala. Ele não entendia nada, riu sozinho pelo corredor. No entato, na sala ao lado de vidro, tinha uma pequena sombra e o reflexo de Valetim surgiu entre elas.

Valeu !

BS