Segue agora o final de Mundo Paralelo:
Beatrice ainda corria pelo corredor quando seus pés travaram ao ouvir o som da porta dos fundos sendo aberta. Joaquim estava mais atrás quando seus olhos viram Oliver entrar com Valentina.
Miguel tentou colocar Beatrice para trás mas ela não se moveu. Ela tinha os olhos nele e em mais nada. Estava cansada de fugir, de correr e de desistir.
Joaquim caminhou entre todos e segurou a mão de Beatrice
- Quando seu pai estava morrendo me fez prometer que não deixaria você se transformar em John. Não sei se é a escolha certa, mas esta é a minha decisão.
Antes que os olhos de Beatrice visse algo brilhar e todos correrem na direção de Joaquim tudo ficou escuro....
Beatrice parecia que tinha acordado de um sonho, não de um pesadelo. Sentia seu corpo dolorido e não conseguia saber onde estava. Demorou um tempo para perceber que estava na sua casa. Em casa.
As últimas lembranças que tinha era de uma grande explosão e tinha um rosto que se ela fechasse os olhos, poderia desenhar. Ele tinha os cabelos claros com mechas mais claras nas pontas como quem fica muito tempo no sol. Tinha o rosto forte mas ao mesmo tempo um sorriso delicado.
Sabia que tinha sonhado com alguma coisa em acordar em um hospital e o homem que tinha em mente estava usando um terno preto e por algum motivo as lembranças com ele lhe dava uma sensação de perda. Mas não tinha certeza do por que.
Joaquim já tinha saido do prédio e tinha feito exatamente o que havia prometido a Oliver. Agora Beatrice estava segura, mas ele tinha feito mais. Daria a todos uma nova chance. Além de ter voltado para o dia que Beatrice conhecia Murilo, ele tinha voltado o tempo para Oliver. Mas as coisas seriam diferentes, Oliver estava agora na mesma dimensão dela. Assim como Valentina.
Beatrice saiu de casa e resolveu ir caminhado pelo centro de Porto Alegre até o jornal. Tinha sido uma noite longa e ela sentia saudade do cheiro da cidade. Caia uma pequena garoa e as ruas estavam cheias de sombrinhas. Vestindo uma jaqueta preta e um jeans claro com suas velhas botas, Bea se protegia da chuva com um capuz.
Quando chegou no jornal viu pela fresta da porta de vidro o elevador velho trancado e correu na direção do elevador de serviço que parecia vazio. Quando seu corpo bateu em alguma coisa grande e a porta do elevador fechou, Beatrice fechou os olhos. Mas que merd...
Mas antes de atingir o chão, ela parecia segura novamente e em pé. Com as mãos em volta dos seus braços e com os olhos mais claros que ela já tinha visto:
- Hei, você esta bem ?
Beatrice abriu os olhos e sentiu a pele do rosto ficar vermelha. Antes de responder suas sombrancelhas formaram uma interrogação que ele achou engraçado, porque uma linha reta nos lábios dele se formou.
- Tudo, desculpa … eu
- Eu sei fugindo da chuva, não ?
- Na verdade da escada...
Ambos riram e suas mãos se tocaram quando foram apertar o mesmo andar. Ele gentimente fez um gesto e ela então apertou o décimo andar.
- Você trabalha aqui ? - ele quebrou o silêncio de segundos que o elevador fez do primeiro ao quinto andar.
- Sim, desculpa me chama Beatrice. Trabalho na sessão criminal.
Ele estendeu a mão e ambos se tocaram novamente
- Certo, me chamo Miguel. Fui transferido de São Paulo. Cheguei hoje, então você é a primeira pessoa que conheço.
- Bem vindo.
Quando a porta do elevador abriu, ambos desceram e seguiram até a sala do editor. Beatrice evitou qualquer contato visual, pois ainda sentia a pele do rosto quente. Tinha medo que ele pudesse perceber.
A sala estava aberta e quando ambos entraram perceberam que estava vazia. Quando Beatrice virou para sair, quando um vulto na sua frente a fez recuar.
Em pé na sua frente, estava ele. Ela exatamente como ela pensado. Loiro com olhos castanhos e como uma sensação de dejavu, tudo ficou lento.
Ele deu um passo na direção de Beatrice e respirou enquanto procurava os olhos negros dela.
- Me procurando ? - foi o que ele perguntou, mas Beatrice parecia conhecer a voz. Miguel tossiu e o barulho a acordou.
- Na verdade estou procurando John …
- Não, John não trabalha mais aqui. - Ele passou por ela e escorrou na mesa ainda com os olhos nos dela. Antes de falar novamente ele respirou e agora parecia aliviado. - Vou substituir John por um tempo.
Quando ele tirou a mão do bolso de trás da calça e a estendeu para Beatrice com um sorriso reto e suas mãos se tocaram, ele falou:
- Me chamo Oliver, mas você pode me chamar de Ollie.
Beatrice riu. Ela sabia que não tinha sido um sonho e que finalmente eles tinham conseguido. Sem exitar, sem respirar ela sorriu e antes de perceber Oliver já a tinha nos braços.
Miguel saiu da sala. Ele não entendia nada, riu sozinho pelo corredor. No entato, na sala ao lado de vidro, tinha uma pequena sombra e o reflexo de Valetim surgiu entre elas.
Valeu !
BS
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