quinta-feira, 14 de julho de 2011

Terceiro Dia - Parte II

       A estrada ainda era a mesma, mas depois do retorno a vista tinha mudado. Devia ter algum lugar onde eles iam parar. Não tinha entrada para nenhuma cidade então eu tinha que estar no caminho cento. Na trilha deles.


      Perto das cinco da tarde antes do sol entrar completamente, encontrei um pequeno café na beira da estrada. Tinha pessoas, crianças e possivelmente um motel nos fundos. O carro deles não estava ali, mas eu precisava comer alguma coisa e tomar um banho.

      Me certifiquei que não tinha nada de estranho antes de entrar e percebi que tinha alguém me observando sentado no fundo da cafeteria. Meu coração bateu rápido pensando ser Benjamim, mas ele tinha o cabelo escuro. Estava com a xicara de café nas mãos e me olhava fixamente.

      Baixei os olhos e sentei numa das mesas perto da janela onde eu poderia ver o carro deles passar. Quando a garçonete veio me servir o café eu falei:

- Oi, tem um lugar para dormir aqui, certo ?

- Claro, moça. Aqui nos fundos. Você quer alguma coisa para comer ?

    Eu pedi nem sei o que, mas estava muito bom. Ou eu poderia estar com fome, so sei que quando terminei de comer já estava escuro de novo. Sentia ainda o desconforto da noite anterior e tudo que eu queria era um banho quente.

     Ele não estava mais lá, o homem dos fundos. Tinha os olhos verdes e quando me viu sorriu levemente. Tinha um rosto marcante, mas nada comparado ao de Benjamim. Eu nunca comparava ninguém a Samuel. Mas sem pensar vi a semelhança dele com o rapaz sentado no fundo da cafeteria. Eles se pareciam.


      Antes de entrar no quarto me certifiquei que não tinha nada de diferente e tranquei as portas. Para garantir coloquei uma cadeira entre a maçaneta para garantir.

     Foi um longo banho e senti falta do casado de Samuel.

      Trevor já devia estar desconfiado porque eu ainda não tinha ligado e pelas contas dele eu já teria chegado em Flecter.


- Trevor, oi.
- Clara, tudo bem ? Você já chegou ?
- Não, tive que fazer uma parada. Mas tudo bem Trevor. - eu menti e não gostava de mentir para ele. Mas se ele não me contou da agenda e sobre meu pai eu teria que descobrir sozinha.
- Quando você chega em Flecter ?
- Amanhã Trevor. Eu ligo quando chegar certo ?
- Clara.. - ele parecia estar respirando para falar.
- Oi, tudo bem ?
- Tudo, quando chegar me liga, precisamos conversar.

      Ele não esperou eu responder e desligou. Ele parecia querer falar. Mas eu não ia voltar. Era tarde demais.

      Foi uma noite longa, eu não conseguia dormir. Sonhava com Samuel e com aquela coisa tentando me matar. Acordei com um barulho do lado de fora do quarto. Eram passos e senti um arrepio de frio. Vesti a primeira coisa que vi e coloquei as botas.


- Tem alguém ai ? - gritei mas ninguém respondeu.

      Quando abri a porta, parecia idiota abrir, mas …, não tinha nada lá fora. Estava uma noite clara, mas meu carro estava com o porta mala aberto. Corri até ele, mas antes de chegar o ranger da madeira na porta do meu quarto me fez virar.

- Então nos encontramos de novo.


        Ele era, a mesma criatura que Gregório tinha acertado. Ele estava de novo com forma humana, mas com o mesmo aspecto nojento de antes. Os olhos eram os vermelhos e senti o cheiro forte de enxofre.

        Tentei ir na direção do carro, mas tinha mais deles. Todos em minha volta. Mas antes que alguém pudesse falar alguma coisa o barulho de uma arma sendo engatilhada chamou minha atenção.


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