Acordei dentro do carro com o sol no meu rosto. Eu não tinha forças para andar mais e a estrada não parecia ter fim na noite. Entrei num pequeno acostamento entre a vegetação e ali dormi por algumas horas.
Como a estrada estava longe troquei de roupa dentro do carro e finalmente eu estava livre do cheiro de enxofre da noite anterior. Coloquei as roupas sujas no porta mala e limpei o ferimento acima do ombro esquerdo. Tinha ficado com as marcas das mãos de Benjamim e bem no inicio do antebraço tinha a marca vermelha da mão daquela coisa.
Pensei nas palavras de Benjamim que era um avatar, uma variação … devia ter alguma coisa na agenda do meu pai. Voltei para dentro do carro e folhei rapidamente tentando encontrar alguma coisa, quando um desenho velho dele chamou minha atenção. Era a coisa que tinha me atacado, no lado tinha um nome. “Azucrim”.
Demônio entidade diabólica, molestia. Tinha a missão de recolher o maior número de almas para o inferno. Após possuir uma pessoa esta passaria a viver apenas nas sombras durante o dia. A noite tomavam forma humana para caçar e aumentar seu exercito. Pessoas de alma puras eram transformadas em alimento. Balas de prata, gasolina e sal podiam mata-los. Confundido com o mito do Lobo, pois sua forma de fera era muito semelhante, mas diferente do mito, eles não transformar humanos neles, eles tomam a alma.
Gasolina ? Era o que Gregório e Benjamim tinham usado. Então abaixo das anotações no rodapé da mesma página tinha:
Conheci hoje Gregório. Bom homem.
Eu não tinha lido quase nada da agenda até porque eu nunca tinha visto ela até dois dias atrás. Assim que sai do hospital fui até a casa de Samuel e procurei pelos destroços a pequena caixa azul que ele tinha me tido. Lá dentro tinha uma chave e uma senha. No cofre, na rodoviária estava a agenda e o um saquinho azul que eu ainda não tive coragem de abrir.
Ainda lembro das últimas palavras de Samuel: Fiz tudo errado, Clara... Porque que ele tinha tido isso ?
Até hoje eu não sei como ele conhecia meu pai, mas por este motivo eu tinha me mantido viva este tempo todo. Mesmo depois de ver Samuel ser jogado pelo quarto por alguma coisa e ser cortado no ar. Eu ? Fechei os olhos para apagar as lembranças. Parecia que ele sabia o que estava acontecendo. Tinha sangue por todo lado e quando coloquei a mão na porta ela abriu como uma explosão e eu apaguei. Acordei no hospital dois dias depois.
Não fui ao enterro de Samuel. Nem tinha ido visitar sua sepultura. Eu o tinha amado muito e tinha acabado.
Entrei no carro e fiz o retorno na estrada. Se este Gregório conhecia meu pai, ele poderia me ajudar. Eu precisava conversar com ele. Encanto não era mais meu destino.
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