quinta-feira, 19 de março de 2015

Sombras do Passado - Parte 02


Caetano era forte e tinha Laura nos braços que lutava desesperadamente tentando se soltar. Ele conseguiu vira-la com muito esforço e a segurou firme com as mãos nos ombros, fazendo com que finalmente o olhasse nos olhos. Então ela parou, por uma fração de segundos Caetano pode ver todo o medo nos olhos de Laura e eles se abraçaram.
Ele em todo tempo que trabalhavam juntos jamais a tinha visto neste estado. Coberta com uma manta cinza do carro de apoio da polícia e sentada no banco traseiro, Laura recebeu os primeiros socorros. Um pequeno curativo no rosto e um grande hematoma. Caetano estava no seu lado e a viu sussurrar:
- Eu a achei Caetano, esta morta... - mas seus olhos estavam ainda buscando uma resposta
- Eu sei, vamos ... vamos embora – mas antes de levantar ele foi surpreendido
 
- Detetive Caetano, preciso que o senhor desça comigo – Um dos policiais o chamou.
Laura parecia entender mais que Caetano e levantou para ir junto, mas:
- Não me espera aqui … - e antes que ela revidasse – Por favor... pelo menos agora
O bueiro estava claro com as luzes dos legistas e de todo o corpo policial presente. Caetano observava enquanto descia as paredes arranhadas e sujas de sangue. O corte na parede ia na direção de onde tinha encontrado Laura e isso o assustava. Desceu um pequeno lance de escada e junto com o policial chegaram a uma pequena sala ou quarto. Então seu ar faltou por mais que muitos segundos, as paredes estavam cobertas por fotos de Laura. Antigas com cabelo mais curto, atuais com ele, mas uma em especial ele arrancou da parede. Ela dentro de um tonel de vinho amarrada. Seus olhos eram como os que ele tinha visto a pouco tempo.
Ele precisava tirar Laura dali urgente. Caetano não precisava de um monte de explicações, sabia o que tinha acontecido ou imaginava, mas não acreditava que ela tinha escondido isso dele. Não dele. Quando chegou perto do carro, Laura não estava mais.
Ele sabia onde ela tinha ido e sabia porque. Mas ele ia perguntar mesmo assim.
Marcus não ficava mais que algumas quadras da sua casa e sentada na mesa do canto, Laura pode ver quando Caetano entrou e sentou na sua frente. Sofia trouxe uma xícara para ele, mas ele não deixou ela perguntar se ele queria:
- Sofia, pode nos dar licença – sua voz era firme quase rude
Laura finalmente o olhou. Ele tirou do bolso a foto que tinha pegado e colocou na mesa. Tudo que ele queria era a verdade, dela.
- Caetano, eu não …
- Não comece uma frase com eu não, comece com a verdade. Olha para mim - ele foi firme, firme como era como se estivesse trabalhado
Ela olhou nos seus olhos, não havia raiva, tinha algo como decepção.
- Isso foi a alguns anos atrás, ele foi preso, julgado e então hoje ... estou tão assustada quanto você … - Ela pegou a foto e a virou – Não tinha motivos para te contar ...
- Você não entendeu … Eu quero saber como você está ? Porque não me falou da que o cara pode ser solto, porque não dividiu comigo.... Ele segurou a mão dela, mas ela recuou e olhou em volta
- Não, eu não sei o que estava lá em baixo, quem e não quero você envolvido nisso...
- O que me envolver … Ele ou quem quer que seja, está te seguindo a meses, Laura, meses … Você entende isso ? - Então ele colocou outras fotos na mesa.
Laura ficou em silêncio e uma das fotos chamou sua atenção. Era antiga, não em São Paulo em Porto Alegre. Ela a pegou e colocou no casaco. Havia fotos de Caetano com ela, muitas.
- Preciso ir a Porto Alegre, já falei com Cláudio …
- Certo, eu preciso resolver umas coisas …  
- Não ... vou sozinha … - E o olhou novamente, Caetano suspirou, levantou recolheu as fotos e deu dois passos ficando ao lado dela
- Eu vou pegar o avião com você, porque hoje não estamos discutindo o que você quer, mas o que você precisa.
Antes dele sair ela segurou seu braço
- Eu já me decidi … - Ele o puxou com força
- Eu também
Caetano chegou rápido na delegacia e encontrou Cláudio no telefone com a promotoria.
- Certo, eu a manterei em São Paulo até o dia a acareação. Eu entendo …
Cláudio estava nervoso e sentou pedindo para Caetano fechar a porta
- Laura ?
- Está no Marcus, mas deve estar indo para o Aeroporto
- Marcus ?
- É tranquilo para pensar, apesar … - mas ele ficou em silêncio
- Precisa buscar Laura antes que embarque ou será presa. Os federais a querem aqui para interrogatório, a defesa do sujeito preso em Porto Alegre quer usar o assassinato de Jeniffer como prova da sua inocência. Não sei como ajudar Laura, ela reconheceu o preso e agora … Ela pode ser presa
- Não pode ser um imitador …
- Os legistas estão analisando o corpo da Jeniffer, mas na época a arma não foi encontrada e o corte na garganta, as lesões no corpo, são iguais. Você precisa ir, o caso é do Edmundo, então … se ele chegar nela antes de você
- Estou indo
Edmundo era agente federal, influente, parecia mais um perseguidor de Laura. Corrupto e influente tentava tirar ela da Delegacia de Cláudio para trabalhar com ele, sem sucesso. E uma situação dessas, seria como um grande presente  e ele faria de tudo. Na verdade já estava fazendo.
As notícias sobre a morte da Jeniffer estava sendo divulgadas com seus detalhes reservados, um maníaco solto em São Paulo, talvez em silêncio por anos, seria um desastre. Mas para duas pessoas em Porto Alegre, Cláudio contrariou as ordens e ligou. Eles precisavam saber a verdade.
Frederico o intitulado por ele mesmo como o Coveiro, estava na sua cela. Vários presos em volta riam e olhavam para um grande TV velha, quando um telefone tocou
    -  Chefe … - um dos presos o chamou e entregou o telefone

    - Precisei pegar outra garota, a policia está segurando o caso, preciso forçar a barra, preciso chegar mais perto...
    -  Faça... mas ela é minha
    -  Amanhã isto vai ser uma festa ….
Do outro lado da linha apenas os gritos permaneceram quando a ligação acabou.

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