segunda-feira, 23 de março de 2015

Sombras do Passado - Parte 03


Sentada na sala de espera do aeroporto Laura ainda não sabia exatamente como lidar com a situação. Precisava ir a Porto Alegre para verificar novamente as provas; aquelas fotos, não fazia sentido. Se o assassino realmente quisesse ela morta já teria feito.
Reencontrar pessoas, analisar todas aquelas provas novamente, a morte do seu parceiro, enfrentar todos … mas seus pensamentos ou pesadelos foram interrompidos por um ainda maior. Cláudio havia lhe enviado uma mensagem: Havia mais uma garota desaparecida, mesmas características, mesmo padrão.
Por alguns minutos ela se deixou pensar nos detalhes dos últimos acontecimentos. Sabia que não era um simples imitador. Tinha algo de muito familiar com Frederico. Tinha algo que ela tinha visto que não conseguia tirar da cabeça. De repente seus olhos viram pelo reflexo do vidro uma pessoa passar com botas brancas. Tudo na sua volta ficou lento e ela parecia escutar o andar das botas.
Levantou, engatilhou a arma e a colocou na por trás da calça jeans e da jaqueta. Quando virou na direção das escadas ela perdeu os passos entre a multidão e se abaixou para localizar o que procurava. Viu quando as botas dobraram da ala B para C e correu entre as pessoas.
Algumas pessoas ficaram assustadas de vê-la correr. Os seguranças do aeroporto logo foram notificados e começaram a ir atrás dela. Ela se deparou com uma porta paralela entre as alas e entrou mesmo tendo uma placa somente para pessoas autorizadas.
Caetano tinha chegado ao aeroporto e foi informado de uma ocorrência e correu na direção das alas laterais. Passou correndo entre os ônibus que levavam as pessoas para os aviões e não conseguia encontrar nada.
Laura estava mais distante entre as cargas e entrou num alojamento de aviões particulares. Escutou um barulho e tirou a arma das costas. Ficou com ela apontada para cima enquanto subia as escadas.
Estava subindo o último degrau quando novamente:

- Estava com saudades, Laura
 
Era novamente a voz mecânica e ela perdeu completamente o equilíbrio e caiu dois lances de escada. Sua arma foi jogada para baixo de uma das cargas e ainda no chão tentou alcançá-la, mas alguém a segurou pelo pescoço e empurrou seu rosto contra o chão.

Ela via pelo canto dos olhos as mãos com luvas amarelas e ele a mantinha pressa colocando todo seu peso contra ela. Abaixou e cheirou sua nuca até sentir o cheiro dos seus cabelos.

- O mesmo perfume...

Ela tentava se mexer, mas ele era forte. Ela escutava passos do lado de fora e não conseguia gritar por ajuda, pois tinha todo o rosto pressionado contra o chão. Ela sentia o gosto do sangue quando seu corte abriu.

- Calma … Não resista, você vai machucar seu rosto … vamos nos encontrar em breve. Vou fazer com você como eu queria. Tenho um plano delicioso – e passou a mão pelo seu corpo.

Laura tinha lágrimas nos olhos, ela o mataria com as mãos. Quando a porta do alojamento abriu, seu rosto foi jogado contra o chão e ela apagou.

Caetano correu na sua direção e ela estava desacordada. Levou alguns minutos para ela acordar, sentou no primeiro degrau da escada que tinha caído:

- Meu Deus, você esta bem? - Caetano segurava um toalha com gelo no seu rosto. Ele percebeu que ela tremia como no bueiro e a abraçou com força.
 
Em seguida entrou vários seguranças locais e um deles gritou:

- Tudo limpo, não tem ninguém aqui, senhor.
 
Ela o olhou

- Me leva daqui. Ele ainda esta aqui em algum lugar.

Ele olhou para o segurança que tinha falado e ordenou:

- Verifique todas as alas de bagagem, alimentação e alojamentos particulares como este. Encontre alguma coisa.

- Não será preciso, já estamos fazendo – entrou no prédio Edmundo

Caetano ainda tinha Laura nos braços e ambos olharam para ele. Laura se afastou de Caetano e foi para cima de Edmundo.
 
- Porque o caso agora é seu, porque a polícia federal quer, não é sua jurisdição – Caetano andou com Laura e ficou entre ela e Edmundo

- Eu não preciso explicar nada o caso já é meu – ele era arrogante

Laura foi para cima dele e Edmundo reagiu engatilhando a arma. Caetano segurou Laura pelo pulso e ela parou.

- Aonde você pensa que vai - e se aproximou de Laura, ficando na sua lateral, contrária a Caetano, que puxou Laura para longe dele, ficando de frente com Edmundo

- Como assim?

- Laura tem informações e vou interrogá-la mais tarde. Até minhas ordens ela está detida.

- Você não vai levá-la a lugar nenhum Edmundo. Não mesmo - ameaçou Caetano, mas com receio de alguma reação pior, Laura olhou para seu parceiro

- Tudo bem, peça ajuda a Cláudio. Eu vou ficar bem – e entregou para ele a toalha e recolheu do chão sua arma

Ele a viu ser levada para dentro de um dos carros dos federais e voltou a olhar Edmundo.

- Se tocar nela, Ed. Eu te mato. Entendeu?

Edmundo não olhou para ele e andou para fora do alojamento e entrou no mesmo carro que ela estava. Laura não tinha medo de Edmundo, tudo que tinha na cabeça era quem e porque.

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