Joaquim escutou Miguel em silêncio e ficou surpreso por saber que a máquina tinha funcionado e ele mesmo estava em outra dimensão. No entanto ele não sabia fazer novamente.
- Porque você foi ao jornal naquela noite ? - perguntou Miguel
- Meu caro, acho que a explosão confundiu um pouco as minhas idéias, me deixe processar o que você me disse primeiro.
- Desculpa, doutor, mas não temos tempo ?
- Miguel, este é seu nome, não ?
Miguel concordou com a cabeça
- Primeiro precisamos saber como viemos parar aqui sem estarmos mortos. Precisamos saber se a garota também esta aqui, ela estava na sala aquela noite, não ?
- Ela não veio, mas eu me comuniquei com ela deixando um recado na secretária.
- Meu Deus – o professor se levantou e foi em direção ao interior do laboratório – você pode ter mudado o curso dos acontecimentos.
- O quê ?
- Se você mandou algum recado a ela e ela tomou alguma atitude em reação a isto, estamos numa bela confusão meu caro, precisamos ver isto agora.
Joaquim ligou então as luzes e diante de Miguel uma outra porta se abriu. O verdadeiro laboratório estava na sua frente.
- Corra – gritou Caio para Beatrice.
Ela segurou sua mão e foi correr na direção do carro, mas ele a largou e apontou a arma engatilhada para o céu. Beatrice parou e se virou:
- Se você não vier comigo, eu não vou.
- Por favor, não seja teimosa, pegue as chaves do carro e vá.
Ele colocou as chaves nas mãos dela, mas ela não pegou. Mesmo com o pedido de Caio, ela engatilhou a arma de Murilo e apontou ao lado dele para o buraco que se abria.
Caio olhou surpreso para Beatrice e a escutou
- Não vou perder mais ninguém, nunca mais, ou estamos nisso juntos ou não – e olhou para o cone vermelho através de Caio
Ele cedeu, diante dos seus olhos negros ele sabia que deveria ficar com ela.
- Vamos – e a segurando pelo braço foram em direção do carro.
Pelo retrovisor eles viram o posto sendo sugado como poeira pelo cone, mas algo fez Caio frear o carro e dar meia volta na estrada. Alguma coisa saiu do enorme buraco vermelho do céu e estava diante deles na estrada.
Estasiado Miguel viu aquele homem de meia idade ganhar vida. Ligou todos os equipamentos e quando uma luz vermelha acendeu na tela e começou a bipar alto, eles se olharam.
Em frente aos olhos negros de Beatrice alguma coisa criava forma. O que é aquilo ? Ela não sabia, mas viu Caio descer do carro.
- Caio – gritou Beatrice
- Fique no carro – ele falou entre o vidro fechado e as portas que agora estavam travadas. Bea tentou abri-las e gritava seu nome, mas ele não a escutou. Com a arma engatilhada ele ia na direção de onde estava o posto e agora alguma coisa criava forma. Caio mal podia caminhar da força do vento que tinha na estrada. Muitos carros freavam e houve algumas colisões. Dentro do carro Beatrice tentava abrir a porta e não tirava os olhos dele. Por alguns segundos tudo ficou em silêncio e ela pudia escutar cada batida do seu coração.
Quando um carro capotou e foi na direção de Caio, Beatrice não teve alternativa e atirou na janela. Com o vidro quebrado ela conseguiu abrir a porta.
- Não, Caio – gritou
E tudo ficou em câmera lenta.
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