Miguel já tinha recebido alta do hospital e estava sentado na cafeteria de sempre no centro de Porto Alegre. Ele sabia que depois de todos os acontecimentos era sorte estar vivo.
Ele teria que ficar o máximo de tempo despercebido entre as pessoas para não chamar a atenção para si. Ele precisava encontrar a pessoa que eles tinham descoberto na última noite, antes do acidente.
Miguel sabia que estava numa dimensão, mas não sabia o tempo real entre a sua e de Beatrice. Era preciso um teste.
Deixou um recado na secretaria eletrônica de Beatrice:
- Armação, lembra ?
Então uma reportagem na televisão chamou sua atenção. Falava sobre um assassinado de um repórter do jornal numa tentativa de assalto. Era João e nitidamente Miguel via o bilhete entre os dedos do morto.
Beatrice – pensou Miguel e correu para seu carro. Destino: Armação.
Enquanto abastecia o carro na BR indo para Armação, Beatrice entrou num Fast Food no Posto e pediu um café. Sentada de cabeça baixa mexendo o café sem açúcar como era de habitual, olhando as vidraças sujas da loja de conveniências. Então Beatrice se deu conta, ela já esteve naquele lugar, foi onde sentada viu Miguel pela primeira vez.
Segundo dia de trabalho no jornal da capital, foi para uma chamada de um fotografo profissional durante uma reportagem sobre vazamento de produtos químico de uma fabrica.
Sentada exatamente onde ela estava o viu entrar. De camisa branca por baixo e uma jaqueta escura e de jeans, a roupa realçava sua pele bronzeada e seu cabelo curto e loiro bagunçado. Com o tempo ela descobriria que as curvas acima dos olhos são um sinal de mau tempo. Miguel furioso.
Mas seu sorriso diferente e seus olhos negros eram impressionantes, mas em poucos minutos Beatrice perceberia que ele não passava de um “tosco”, um grosso.
Beatrice riu alto para si mesma, essa foi sua primeira impressão de uma pessoa que a alguns dias atrás salvou sua vida. Pensou em abrir a bolsa e olhar sua foto na última festa de premiação do jornal. Mas não, essa lembrança dele era boa demais.
Antes de sair para continuar a viagem Beatrice fez sem perceber um desenho no copo que tomava café e deixou em cima da mesa. Era um costume entre ela e Miguel. Como uma mensagem. Beatrice fez sem perceber.
Olhou seu celular algumas vezes e viu que tinha um recado. Devia ser de Pedro. Antes de chegar em Armação ela ligaria para ele.
Miguel dirigia pela estrada e sabia exatamente para onde ia. Ele tinha um mapa no banco do caroneiro e seguia adiante. Com uma as mãos ele deixa mais um recado para Beatrice.
Antes de colocar o cinto de segurança, o garoto do posto de conveniências saiu da loja apressado e bateu no vidro do carro de Beatrice.
- Moça, é você na televisão
Beatrice correu para dentro e viu a mesma reportagem que Miguel tinha visto a algumas horas atrás. João, segundo a reportagem foi mais uma vitima de uma serie de acontecimentos com os repórteres da cidade. Mostrou as fotos de todos: Charlene, Murilo, Miguel e por último a sua foto.
Antes de voltar para a repórter do jornal, apareceu as imagens do jornal ao vivo e lá no meio da multidão, Beatrice viu Valentim. E ele parecia estar olhando para ela. Ele sabia para onde ela estava indo.
Miguel finalmente chegou no posto de gasolina e sem mesmo desligar o carro correu para dentro da loja de conveniências. Quando a porta bateu por sua entrada bruta, o garoto do caixa levou um susto.
Sem entender nada ele viu aquele homem pegar um copo sujo de café de uma das mesas e foi embora rindo.
Miguel estava certo, ele poderia salvar a si e a Beatrice.
Em frente a entrada de um prédio em Armação, Beatrice tinha apenas aquele endereço. Era de um professor de física, um especialista em mecânica quântica. Mas ela não sabia seu nome.
Caio sentado em frente a uma máquina que estava projetando a alguns anos junto com seu professor, lia o último artigo que estava escrevendo sobre a relação dos universos paralelos. Interpretação de muitos mundos (IMM).
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