Uma voz feminina no telefone dizia a policia local que rebeldes ao governo estavam escondidos no laboratório. Mas queria eles vivos. Principalmente Caio e a garota. Antes de desligar Valentina disse:
- Senhor Jonas, a situação é complicada, traga a garota viva por mais estranho que possa parecer.
Jonas trabalhava para Valentina desde o inicio do seu governo e não gostava de como as coisas estavam indo. Determinado ele tinha planos mas parecia que Valentina não o queria incluir nos seus. Ela ainda estava atrás de Caio. A algumas semanas tinha aparecido outro homem e a tinha envolvido, mas ele quem era ? Onde estaria agora ?
No carro com as sirenes ligadas e com mais reforços, ele tinha uma foto de Valentina nas mãos. Como pode a garota do laboratório ser como ela ? Quem era ? - pensou Jonas.
- Beatrice, se você pensa que já sabe de muita coisa, acredito que não sabe nem a metade. A muito tempo venho estudando essas aberturas de portais e a vinte anos atrás eu encontrei a primeira. Na verdade por acidente você foi enviada para meu laboratório.
Joaquim fez uma pausa e abriu uma das gavetas próximas ao sofá e pegou alguns documentos dentro. Colocou os papeis nas mãos de Beatrice.
- Sei que procura a alguns anos sua família, a verdadeira, mas não encontrou nada não foi ?
Beatrice olhava os documentos e não entendia. Novamente tinha sua certidão de nascimento e varias reportagens de jornal. Seus olhos encararam os de Joaquim quando ela encontrou uma foto no jornal de uma família. Era a sua ? Pensou consigo mesma.
- Sim, é sua verdadeira família, minha cara. Eu era muito amigo dos seus pais adotivos e prometi a eles que não a envolveria, mas não temos escolha agora.
- Me envolver ? Tudo isso é por minha causa ?
- Claro que não, é por causa de sua irmã, Valentina.
Joaquim apontou para a garota loira nos braços de um homem de meia idade na foto. Novamente os olhos de Beatrice olharam para Joaquim surpresos.
- Esta é ela hoje – mostrou uma foto atual de Valentina. Então o coração de Bea parou, ela é como eu – pensou com os olhos perdidos, como pode ? Eu não entendo – falou alto.
- Seu pai era um renomado cientista do governo dessa dimensão e descobriu como fazer a passagem de tempo. Mas o governo não queria para achar cura de doenças, evitar guerras, catástrofes, eles queriam poder. Seu pai ia fugir com vocês para a dimensão que você cresceu. Mas a viagem foi interrompida.
Eles foram assassinados e sua irmã levada por eles. Não sei porque mas seu pai a enviou para mim. Eu não podia ficar com você e então pedi a John que a levasse. Eles a amavam muito.
Enquanto Joaquim falava Beatrice levantou e ficou olhando pela janela o mar. Estava um vento forte e as coisas pareciam realmente diferentes ali. Eram sombrias. Ela não tinha percebido antes.
- Existe uma relação de espaço aqui. Se você ficar aqui muito tempo, vai começar a ter as lembranças de Valentina, modos delas, as ações dela. Assim como ela terá as suas. Por este motivo ela a quer morta.
- Minha irmã sabe da minha existência e me quer morta ?
- Ela não a pessoa que você pensa, ela foi criada diferente de você, uma assassina do governo. Hoje ela tem o governo nas mãos.
- Mas ?
- Vocês tem algo que ninguém tem, você pode cruzar a linha de tempo Beatrice.
Nesse momento Caio entra a sala com Miguel. - Não temos mais tempo, eles já estão vindo, escutamos no rádio da policia – fala Caio se aproximando de Beatrice.
- Preciso saber porque … ? - perguntou Beatrice olhando nos olhos de Joaquim.
- Você vai saber, Beatrice, cedo ou mais tarde, mas agora vamos não temos tempo – levantou Joaquim e pegou Beatrice pelo braço.
Antes de saírem da porta Beatrice já escutava o barulho das sirenes. Caio tinha dessa vez antes de Miguel pegado a mão de Beatrice e a indicava o caminho pelo qual corriam. Eles desciam pelas escadas da lateral do prédio.
Dentro do laboratório tudo estava escuro e então eles escutaram quando a policia invadiu a sala e então houve tiros. Quem estava lá ? – pensou Beatrice.
Então algo aconteceu com Beatrice e ela parou nas escadas fazendo Caio recuar.
Diante dos seus olhos ela teve uma lembrança, mas não podia ser verdade o que via. Era um beijo, mas não era ela que beijava Caio. Seus cabelos estavam longos e mais claros. E as roupas eram diferentes das suas. Então tudo ficou claro, não era suas lembranças eram as de Valentina.
Beatrice soltou a mão de Caio e o encarava com magoa e ele não sabia porque.
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